Avaliação do acoplamento ventrículo-arterial na hipertensão arterial pulmonar associada à esquistossomose

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Alves Junior, José Leonidas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5150/tde-15092021-111301/
Resumo: Introdução: A hipertensão arterial pulmonar associada à esquistossomose (HAP-Sch) é uma doença de alta relevância no cenário da hipertensão pulmonar, particularmente em países em desenvolvimento. Em comparação com a hipertensão arterial pulmonar idiopática (HAPi), a HAP-Sch vem sendo caracterizada como uma doença de maior sobrevida, sem que tenham sido identificados mecanismos que justifiquem sua particular evolução clínica. O acoplamento ventrículo arterial (VDAP), expresso pela relação entre a contratilidade do ventrículo direito e sua pós-carga, vem sendo estudado como potencial marcador da resposta cardíaca frente à doença vascular pulmonar. Entretanto, não há estudos na literatura avaliando o VDAP na HAP-Sch. Objetivos: Comparar o VDAP de pacientes com HAP-Sch com o encontrado em pacientes com HAPi. Avaliar a associação do VDAP com os achados hemodinâmicos e com a sobrevida em ambas as situações. Métodos: Estudo retrospectivo com os pacientes com diagnóstico de HAP-Sch ou HAPi que realizaram cateterismo cardíaco direito (CCD) no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo entre 2013 e 2017. Foram revisadas as características clínicas e hemodinâmicas e, através do registro das curvas do CCD, foi estimada a pressão máxima isovolêmica do ventrículo direito (Pmaxiso) para cálculo da elastância do ventrículo direito ao final sístole (Ees). O VDAP foi calculado pela relação entre a Ees e a elastância da artéria pulmonar (Ea). Resultados: Foram incluídos 33 pacientes com HAPSch e 68 pacientes com HAPi. O grupo HAP-Sch apresentou idade mais avançada (55,5 ± 15,1 vs 42,7 ± 15,2; p < 0,001) sem diferença nos parâmetros hemodinâmicos obtidos pelo CCD. Pacientes com HAP-Sch apresentaram maior VDAP (1,93 ± 0,83 vs 1,51 ± 0,61; p = 0,012), maior Ees (1,78 ± 1,41 vs 1,21 ± 0,69; p 0,033) e não houve diferença na Pmaxiso e na Ea comparados a HAPi. Foram avaliadas correlações dos dados hemodinâmicos com os relacionados ao VDAP, destacando-se a relação entre VDAP e a pressão de átrio direito (PAD) (p = 0,001; r = 0,322), entre Ea e a resistência vascular pulmonar (p < 001; r = 0,909) e entre Ees e o índice cardíaco (p < 0,001; r = 0,519). Pacientes apresentando VDAP acima da mediana encontrada no estudo apresentaram sobrevida significativamente melhor (p = 0,032). Após análise bivariada considerando o VDAP e o diagnóstico de base evidenciou que o acoplamento ventrículo arterial se mantém como marcador prognóstico independente do tipo de hipertensão arterial pulmonar (p = 0,030; HR = 0,287; 95% IC, 0,093 - 0,883). Conclusão: O acoplamento ventrículo-arterial é um fator prognóstico na hipertensão arterial pulmonar, estando aumentado na HAP-Sch, em relação a HAPi, sugerindo que a resposta ventricular frente à doença vascular pulmonar associada à esquistossomose possa ser o motivo pelo qual esta forma particular de hipertensão arterial pulmonar possui melhor prognóstico em relação à hipertensão arterial pulmonar idiopática.