Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Monteiro, Claudia Mota Leite Barbosa |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17156/tde-05012024-141422/
|
Resumo: |
A COVID-19 é uma infecção causada pelo vírus SARS-CoV-2, descrita inicialmente no final de 2019. Desde então, acometeu uma grande parcela da população mundial devido à sua alta transmissibilidade. Em geral, cursa sem alterações clínicas ou com sintomas leves, porém pode ocasionar quadros graves com síndrome respiratória aguda grave, choque, lesão renal, injúria miocárdica e até morte. Essas manifestações parecem mais comuns em indivíduos com comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM). Entretanto, há poucos estudos que esclareçam sua história natural e o grande espectro de manifestações clínicas. Considerando que indivíduos com neoplasia maligna apresentam deficiência imunológica e maior risco de doenças infeciosas oportunistas, aventou-se a possibilidade de que houvesse maior prevalência da COVID-19 nesse grupo. As recomendações de especialistas inicialmente orientavam adiar o tratamento da neoplasia e/ou utilizar drogas menos mielotóxicas quando possível. Entretanto, não se sabia o quanto tais medidas teriam implicações na mortalidade por câncer. Além de a prevalência nessa população não ser conhecida, a evolução e desfecho também não eram. Não se sabia se os sintomas infecciosos eram um bom parâmetro para motivar mudanças terapêuticas ou se havia benefício em testar indivíduos assintomáticos. Nesse contexto, foi realizado um estudo observacional, transversal, e descritivo, a fim de determinar a prevalência da COVID-19 em pacientes com câncer, sintomáticos e assintomáticos, do Hospital das Clínicas da FMRP, bem como descrever a evolução da infecção nesse grupo e avaliar quais fatores estavam associados com piores desfechos clínicos. Foram incluídos 322 pacientes com câncer, sendo que 99 permaneceram assintomáticos e 223 apresentaram sintomas sugestivos de COVID-19 no período do estudo. Dentre os incluídos, 63 indivíduos apresentaram teste (RT-PCR) positivo para COVID-19, sendo a prevalência em sintomáticos 27,8% (IC 95%, 27,4-28,1) e a prevalência em assintomáticos 1% (IC 95%, 0,8-1,2). A análise descritiva mostrou que 63,5% eram homens e que 55% tinham entre 50-69 anos; 75% apresentavam tumor sólido, sendo 47% com neoplasia do trato gastrointestinal. A maioria dos pacientes (80%) havia recebido o diagnóstico de câncer nos últimos dois anos e 80% apresentavam ECOG 0 ou 1. A presença de comorbidades foi observada em 59% dos casos, com destaque para HAS (33%), DM (16%) e cardiopatia (14%). Dentre os pacientes com COVID-19 confirmada, 98,4% eram sintomáticos. Dentre estes, 50% necessitaram de internação, sendo 11,3% em UTI; 40,3% receberam oxigenoterapia, 11,3% ventilação mecânica e 9,7% drogas vasoativas; e 22,2% evoluíram com óbito. Pacientes do sexo masculino ou com DM apresentaram risco aumentado para internação, enquanto aqueles com HAS ou realizando profilaxia infecciosa apresentaram mais chance de admissão na UTI. Foi observada associação entre maior escore ECOG e maior taxa mortalidade. Já a quimioterapia foi fator de proteção para os desfechos de internação e de morte. Apenas uma paciente assintomática foi diagnosticada com COVID-19. Ela teve seu tratamento postergado e reiniciado após o período apropriado de isolamento sem prejuízo clínico. Diante dos resultados encontrados, principalmente a baixa prevalência em pacientes assintomáticos, acreditamos que seja razoável não testar todos os pacientes quando não houver o recurso para tal, priorizando aqueles com maior risco de infecção e aqueles com maior chance de desfecho grave, desde que as medidas preventivas sejam adotadas adequadamente. |