Ensaio clínico aleatorizado para o tratamento de casos moderados a graves da doença causada pelo novo coronavírus-2019 (COVID-19) com cloroquina e colchicina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Lopes, Maria Isabel Fernandes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-20062022-144153/
Resumo: Introdução: A doença por coronavírus de 2019 (COVID-19) tornou-se importante problema de saúde em todo o mundo. As manifestações clínicas mais frequentes incluem febre, anosmia, disgeusia, tosse, fadiga e dispneia, podendo evoluir para a síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Neutrofilia, linfopenia e altos níveis de citocinas inflamatórias e outros mediadores da inflamação são achados comuns em pacientes com SRAG por COVID-19, uma condição dramática para a qual não há tratamento específico, mas cuidados de suporte e tentativas de controlar a inflamação sistêmica. Em março de 2020, a cloroquina era grande esperança para o tratamento da COVID-19. Por sua ação sobre os leucócitos e o inflamassoma, surgiu a possibilidade de testar a colchicina como intervenção racional, com potencial de eficácia e diminuto risco de eventos adversos, nos casos de COVID-19, com intuito de diminuir o processo inflamatório sistêmico, em especial o pulmonar. Métodos: Apresentamos os resultados de um ensaio clínico aleatorizado, duplo-cego, controlado por placebo para o tratamento de COVID-19 moderada a grave com cloroquina e colchicina, com 75 pacientes, alocados 1:1 de 11 de abril a 30 de agosto de 2020, dividos em dois grupos: Tratamento com cloroquina e placebo (CQ-PCB) e Tratamento com cloroquina e colchicina (CQ-COL). A dose de cloroquina utilizada, na forma de hidroxicloroquina, foi de 400 mg duas vezes ao dia por até 2 dias, seguido por 400 mg ao dia por 8 dias. Colchicina foi utilizada na dose de 0,5 mg três vezes ao dia durante 5 dias, em seguida, 0,5 mg duas vezes ao dia por 5 dias. Consideramos os seguintes desfechos primários: necessidade e tempo de suporte ventilatório não-invasivo e invasivo, tempo de internação, tempo de permanência em UTI e taxa de óbito. Resultados: Setenta e dois pacientes (36 para placebo e 36 para colchicina) completaram o estudo. A mediana de tempo da necessidade de oxigênio suplementar foi de 4,0 (2,0-6,0) dias para o grupo CQ-COL e 6,5 (4,0-9,0) dias para o grupo CQ-PCB (p <0,001). A mediana de tempo de hospitalização foi de 7,0 (5,0-9,0) dias para o grupo CQ-COL e 9,0 (7,0-12,0) dias para o grupo CQ-PCB (p = 0,003). No dia 2, 67% contra 86% dos pacientes mantiveram a necessidade de oxigênio suplementar, enquanto no dia 7, os valores eram 9% versus 42%, para os grupos CQ-COL e CQ-PCB, respectivamente (log rank; p = 0,001). Dois pacientes morreram, ambos no grupo CQ-PCB. Quanto aos eventos adversos, diarreia foi mais frequente no grupo CQ-COL (p = 0,26). Conclusão: Colchicina reduziu tanto o tempo de oxigenoterapia suplementar quanto de hospitalização. A droga mostrou-se segura e bem tolerada. Uma vez que o óbito foi um evento incomum, não foi possível assegurar que a colchicina reduziu a mortalidade na COVID-19.