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Possibilidades e limites da dança para o empoderamento das mulheres: Um olhar da saúde coletiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Osorio, Gina Paola Ardila
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-26102015-153202/
Resumo: INTRODUÇÃO: A discriminação e a violência de gênero são problemas reconhecidos nas últimas décadas e alvo de políticas públicas, porém seguem presentes de forma muito relevante na nossa sociedade. Como uma das formas de efetivar as políticas públicas voltadas à equidade de gênero, a Secretaria de Políticas para as Mulheres de São Paulo (SMPM) criou os Centros de Cidadania da Mulher (CCM). Nestes espaços são desenvolvidas atividades como a dança do ventre, além de outras práticas corporais, cursos de formação e oficinas de geração de renda. O uso de recursos artísticos e culturais para promover o empoderamento e a redução da vulnerabilidade de gênero é recente e pouco estudado. OBJETIVO: Analisar como vem sendo utilizada a atividade de dança do ventre como recurso para o empoderamento das mulheres, a partir das representações dos profissionais e das usuárias do Centro da Cidadania da Mulher Santo Amaro (CCM-SA) em São Paulo. METODOLOGIA: Investigação qualitativa de caráter etnográfico com triangulação de técnicas. Observação de um grupo de 48 participantes entre iniciantes e avançadas na prática de dança do ventre durante 8 meses. Acompanhamento das apresentações em diferentes lugares públicos de São Paulo, com registro fotográfico, de vídeo e de caderno de campo. Foram realizadas 16 entrevistas semi estruturadas (11 com as dançarinas e 5 com as profissionais do serviço). Foi executada análise de conteúdo do tipo temática acerca das representações sociais das participantes sobre corpo, dança, promoção da saúde e relações de gênero. RESULTADOS: Identificamos dois elementos fundamentais relacionados ao corpo, no processo de transformação na vida das mulheres participantes deste estudo: a ressignificação e a aceitação do corpo. A interação com outras mulheres na prática de dança do ventre foi importante neste processo, na medida em que elas se reconhecem diferentes entre si e distantes do modelo ideal de corpo propagado pela mídia, sem que isto impeça o domínio dos seus limites individuais. Ao mesmo tempo, as atividades de arte e cultura fomentam a criação de vínculos sociais, ampliando a rede social das participantes. A possibilidade de fruição do lazer e a saída do espaço doméstico, limitado ao cuidado da casa e da família, são representadas como transgressores, propiciando uma maior igualdade dos direitos e autonomia para as mulheres. Da perspectiva da promoção da saúde, as mulheres e profissionais compreendem que a dança do ventre gerou benefícios físicos e mentais para as participantes, diminuindo alguns sintomas que as mulheres relataram, melhorando sua qualidade de vida e permitindo estabelecer uma abordagem integral do cuidado. Foi possível observar o incremento da participação das mulheres no espaço público, com a entrada no mercado de trabalho e a volta ao ensino formal estimulado pelas atividades do CCM-SA. Todos estes elementos também propiciaram uma maior organização no grupo para manter as atividades de dança do ventre, inclusive propondo trabalho em cooperativa para financiá-las. CONCLUSÕES: A incorporação das práticas corporais, neste caso da dança do ventre, em um serviço público para o exercício da cidadania e o desenvolvimento das mulheres, é um recurso para a promoção da saúde e o empoderamento coletivo das praticantes, tornando-as visíveis em espaços públicos e deste modo, atuando na via da redução da vulnerabilidade de gênero. É fundamental incluir nas políticas públicas para a efetiva equidade de gênero, não apenas atividades de geração de renda e trabalho, mas também ações de arte e cultura que estimulem a participação ativa, a reflexão e a convivência em igualdade de direitos entre homens e mulheres em sociedade