Mito e mimeses em El Zorro de arriba y el zorro de abajo de José María Arguedas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Lacerda, Afonso Rocha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/tde-10032016-132440/
Resumo: Uma particularidade notável da narrativa arguediana consiste no fato de seu trabalho literário destacar o embate existente entre a realidade e a língua de forma muito própria. Isto se fez presente, sobretudo, na necessidade de verter para a linguagem literária conteúdos das sociedades e culturas andinas de expressão quéchua. No que diz respeito a isto, o ajuizamento crítico sobre o penúltimo romance de Arguedas, Todas las Sangres (1964), acabou por conduzir a um falso dilema entre representação e fracasso. Arguedas não permaneceu insensível a este debate, ao mesmo tempo era obrigado a aprimorar seus recursos narrativos diante da realidade nova e desconcertante que se propunha a retratar em seu último romance, El Zorro de Arriba y el Zorro de Abajo (1971). Nele, como é sabido, foram levados ao paroxismo os recursos expressivos com os quais o autor estava habituado a lidar. Um desdobramento deste embate surge com o enfrentamento do caráter inconciliável do incondicionado, capaz de furtar-se aos intentos de descrevê-lo, e da linguagem que vem a torcer-se, a refundar-se com o propósito de permanecer fiel ao cenário metamórfico que imita. Buscamos analisar disto que resiste à expressão aproximando-nos de uma forma autônoma e que não é alheia ao romance, o mito. Desde uma concepção determinada do mito, capaz de ser pensada em paralelo à de ideologia, quando o aspecto poiético de ambas é posto em relevo, derivamos para a consideração da mimesis. A abertura da poiesis mimética busca ser preservada nestas passagens. A permeabilidade e a plasticidade criativa que se reserva à noção de mimesis posta em funcionamento deve incidir sobre a realidade do texto. Veremos como a incidência mimética manifesta-se, na textualidade do romance, por intermédio de oscilações de sentido, cuja análise se realiza segundo a perspectiva não retórica da metáfora, para o que recorremos a Paul Ricoeur. Acompanha-se, além disso, o debate em torno da noção de figura, desenvolvido por Erich Auerbach, com o propósito de estabelecer um vínculo entre mediação e invenção.