O papel da Internet na saúde mental de jovens universitários e sua relação com ideação suicida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Duprat, Irena Penha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-14032024-133607/
Resumo: Introdução: A Internet está cada vez mais acessível e já é parte integrante da vida cotidiana das pessoas. Um dos grupos mais fortemente influenciados, tanto positiva quanto negativamente pelos efeitos do seu uso, são os adolescentes e adultos jovens e aí incluem-se, principalmente, os estudantes de ensino médio e universitário. O ingresso na universidade, junto às transformações fisiológicas, neurológicas e psicológicas próprios da transição entre a adolescência e a fase adulta, pode gerar um período de crise e favorecer o surgimento dos distúrbios mentais, incluindo o comportamento suicida. Objetivo: Investigar o papel da Internet na saúde mental de jovens universitários, com ênfase na ideação suicida. Metodologia: Estudo transversal, com abordagem quanti-qualitativa. A 1ª etapa foi realizada com 503 estudantes da área da saúde de uma universidade federal do estado de Alagoas. A coleta dos dados ocorreu de forma remota, através do envio de um formulário criado no Google Forms, dividido em 5 partes: (1) questionário semiestruturado contemplando as variáveis sociodemográficas e dados complementares; (2) Escala de Dependência de Internet; (3) Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos; (4) Inventário de Ansiedade Traço-Estado; e (5) Questionário de Ideação Suicida. Para análise dos dados foi utilizado o software STATA versão 14. Onze estudantes participaram da 2ª etapa, a partir de critérios estabelecidos com bases nos escores da Escala de Dependência de Internet e do Questionário de Ideação Suicida. Como instrumento metodológico para a produção dos dados qualitativos foi utilizada a entrevista semiestruturada. As entrevistas aconteceram pela plataforma Google Meet e para a análise dos dados foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo. Resultados: Dos 503 participantes, 69,2% eram do sexo feminino, 43,5% se autodeclararam de raça/cor parda, 88,5% eram solteiros e 66,2% tinham idade entre 20 e 24 anos. 98,8% deles possuíam smartphone, 73,2% faziam a conexão à Internet por meio de rede wi-fi e rede móvel e 99,2% possuíam rede wi-fi na residência. 42,3% foram classificados como grau leve, 8,2% como grau moderado e 0,4% como grau grave de dependência em relação ao uso de Internet. A prevalência de ideação suicida foi de 12,5%. Dependência de Internet, sintomas depressivos, ansiedade traço e estado estiveram associados à presença de ideação suicida (p<0,001). No modelo de regressão logística, dependência leve, moderada ou grave de Internet e nível de ansiedade (traço) alto (OR=4,02; IC95%=2,17-7,46) se mantiveram associadas à ideação suicida, independente das demais variáveis (OR=2,00; IC95%=1,02-3,93). A análise do material obtido a partir das transcrições das entrevistas originou três categorias temáticas: (1) O uso da Internet e suas implicações na saúde mental dos universitários; (2) A ideação suicida em estudantes com sinais de dependência de Internet; (3) Contexto de vida como potencial facilitador para a ideação suicida entre os estudantes com sinais de dependência de Internet. Conclusão: Os resultados apresentados reforçam ainda mais a preocupação sobre o papel da Internet na saúde mental dos jovens universitários. O comportamento suicida é um fenômeno multidimensional e multicausal e pode estar sendo potencializado pelos efeitos do uso descontrolado e desadaptativo da Internet. Os achados desta pesquisa constituem um diagnóstico situacional que poderá fornecer importantes subsídios para a elaboração de propostas de assistência psicológica e acompanhamento psicopedagógico, como parte de um programa de atenção à saúde mental dos estudantes universitários.