A medicina de adolescentes no Estado de São Paulo de 1970 a 1990: uma dimensão histórica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Queiroz, Ligia Bruni
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-26052011-145846/
Resumo: Observa-se relativa escassez de trabalhos especializados a respeito da reconstrução histórica da institucionalização da Medicina de Adolescentes e da Atenção à Saúde Integral dos Adolescentes, no Estado de São Paulo. Esta lacuna mostra-se ainda maior quando se trata de examinar a implantação desses serviços pioneiros no âmbito das universidades e a maneira como os profissionais responsáveis por esse pioneirismo se posicionavam diante das dificuldades e embates no contexto de suas instituições de ensino, à luz daquele momento histórico: meados da década de 1970, marcado pela ditadura militar no país. O presente trabalho tem como objetivo recuperar as origens da Medicina de Adolescentes em São Paulo, entre as décadas de 1970 a 1990. Trata-se de um estudo qualitativo, orientado pela análise dos documentos históricos produzidos ao longo das mencionadas décadas acerca da institucionalização da Medicina de Adolescentes e da construção histórico-cultural do adolescente, e pela obtenção de depoimentos dos responsáveis pela implantação dos primeiros serviços de atenção à saúde dos adolescentes no Estado de São Paulo, seja no âmbito da Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia e Psiquiatria, seja na área da Saúde Coletiva. Foram realizadas entrevistas, com roteiro semiestruturado, no período de 2009 a 2010, gerando depoimentos pessoais que visaram à recuperação de sentimentos, motivações, dificuldades enfrentadas e entraves institucionais e ideológicos que ocorreram no período da institucionalização da Medicina de Adolescentes e dos programas de saúde pública para essa faixa etária, que não poderiam ser extraídos por meio de documentação escrita. A preocupação com a saúde do adolescente se deu, sobretudo nas décadas de 1970 a 1990, em um momento em que se discutia a efetiva prática da medicina global ou integral ofertada ao indivíduo e se questionava a sua fragmentação efeito colateral da emergência das subespecialidades médicas e da medicalização do sujeito com o advento da medicina tecnológica envolvendo profissionais das áreas clínicas (pediatras, ginecologistas e psiquiatras) e da Saúde Coletiva. No tocante à saúde dos adolescentes, a discussão dos novos paradigmas de saúde fez emergir concepções divergentes entre clínicos e sanitaristas, em relação ao enfoque de atenção integral à saúde. Os sanitaristas e os idealizadores de uma política pública para a adolescência vislumbravam atingir as metas populacionais, baseados em dados epidemiológicos sobre a problemática dos adolescentes. A área clínica, ainda que considerasse as influências externas ao processo de saúde e doença, mantinha seu olhar centrado no indivíduo, nas suas peculiaridades e singularidades, aspecto esse inerente ao seu campo de atuação. Daí as dificuldades de interlocução entre essas duas áreas da saúde, e o embate acadêmico em torno da institucionalização dos programas de atenção à saúde dos adolescentes, o que foi percebido por meio da análise dos depoimentos concedidos. Essa dificuldade de diálogo entre os referidos campos, na trajetória histórica inicial da Medicina de Adolescentes e da Atenção à Saúde Integral ao Adolescente, pode ter gerado entraves e morosidade no processo de implantação de programas e estratégias de obtenção de assistência à saúde de qualidade para essa faixa etária. A reconstrução do passado é necessária para a análise do presente, donde a necessidade de compreensão de alguns aspectos da trajetória da Medicina de Adolescentes em particular, e da Atenção à Saúde dos Adolescentes, em geral, para auxiliar os profissionais de saúde na busca de soluções para as dificuldades enfrentadas no atendimento à saúde desta população.