Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Mourão, Andre Albuquerque |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-09112020-170013/
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Resumo: |
A partir de escritos do músico R. Murray Schafer (1991; 2011) e de interpretações que se fazem deste autor no Brasil, o presente trabalho busca confrontar diferentes leituras e perspectivas sobre educação. Valendo-nos de referenciais dos estudos de psicanálise na educação, bem como do campo da filosofia, descrevemos e argumentamos acerca daquilo que, no ato educativo, aparece como característica estruturante da nossa condição humana, isto é, o fato de ser a natalidade (Arendt, 2014) o real de toda educação. Assim, destacamos o caráter essencialmente indeterminado de toda educação e sua dimensão mais profunda, ligada à transmissibilidade de marcas simbólicas no campo da palavra e da linguagem (Lajonquière, 1999; 2010) através dos tempos. Por outro lado, ao mesmo tempo em que mostramos que a esfera pedagógica pode ser um importante reflexo de movimentos no campo político que incidem sobre o educacional, destacamos que sua dimensão na educação é sempre de ordem contingencial. A separação entre ação política e atividade educacional (Carvalho, 2017) nos permite entender com mais clareza tal questão. Acontece que com a emergência de discursos da pedagogia moderna, atravessados por toda sorte de cientificismos, consolida-se uma ideologia baseada na crença de que os efeitos de uma educação poderiam ser premeditados e controlados a partir de equações que ajustariam as ações externas (adultas) à suposta realidade da criança. Dentre eles, o dicurso(psico)pedagógico hegemônico (Lajonquière, 1999) evidencia uma forma particular que nossa cultura tem de sonhar a relação entre adultos e crianças, animada por um desejo adulto de imaginar- se como um mero administrador técnico de fatores coadjuvantes ao ato educativo, esvaziando assim a educação de seu sentido histórico, contido na sempre arbitrária transmissão de alguma tradição. Então, no contexto desta dissertação, tais questões tomam forma nos debates acerca do ensino de música nos quais Schafer se inclui, tanto como pensador quanto como referência para uma certa parcela da área especializada. Nesse sentido, evidenciamos, primeiramente, a interpretação que ocorre quando este autor é lido na chave do dilema imaginário do discurso (psico)pedagógico hegemônico e que resulta na pasteurização e instrumentalização de suas ideias, transformadas, então, em antídoto contra um suposto ensino de música desatualizado. Na contramão de tais leituras, que fazem de Schafer um modelo a ser seguido com vistas a controlar os efeitos educativos sonhados, nós o lemos enquanto um educador possível; um narrador de suas experiências no mundo da música, que dá relato testemunho do desejo que anima a sua palavra de mestre. Dessa forma, apresentamos por vezes recorrendo às entrelinhas de sua obra um Schafer que assume responsabilidade pelo legado musical humano e que não renuncia à tarefa de apresentar um mundo possível àqueles mais jovens que com efeito trarão a sempre inesperada novidade à tradição. |