Detecção e manejo de disfunções cardíacas em pacientes com esclerose sistêmica tratados com altas doses de ciclofosfamida seguidas por transplante de células-tronco hematopoéticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Leopoldo, Vanessa Cristina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-29032019-145927/
Resumo: O transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas (TACTH) é efetivo para o tratamento da esclerose sistêmica (ES), com controle do acometimento pulmonar, e melhora da fibrose cutânea, da qualidade de vida e aumento da sobrevida global, quando comparado a pacientes não transplantados. Neste tratamento, utiliza-se ciclofosfamida em altas doses, uma droga imunossupressora associada a cardiotoxicidade, potencialmente fatal. A avaliação de potenciais fatores de risco e monitorização clínica durante o procedimento podem contribuir para identificar precocemente a lesão cardíaca aguda e, assim, melhorar o desfecho clínico do paciente. O objetivo deste estudo foi identificar a ocorrência de disfunções cardíacas e avaliar os fatores de risco clínicos e laboratoriais para o desenvolvimento de toxicidade cardíaca aguda induzida pela ciclofosfamida, em pacientes com ES submetidos ao TACTH. Trata-se de um estudo longitudinal e prospectivo, conduzido no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em pacientes com ES com idade superior a 18 anos, no período de novembro de 2016 a maio de 2018, aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa. Os pacientes foram avaliados quanto aos dados clínicos e laboratoriais, incluindo dosagem de peptídeo natriurético, no período pré, durante e 6 meses após o transplante. Foram incluídas 16 mulheres com ES, das quais uma optou por descontinuar a participação no estudo, tendo seus dados excluídos. Nenhum dos participantes apresentava história de uso de substâncias psicoativas ou diagnóstico de diabetes mellitus. Uma paciente era tabagista passiva e uma era tabagista ativa há 24 anos, abstinente desde há três meses antes do início do transplante. Duas pacientes eram hipertensas, controladas com medicamentos anti-hipertensivos. Durante o transplante, 7 (46,7%) pacientes apresentaram alterações cardíacas associadas à ciclofosfamida. As pacientes apresentaram taquicardia, ganho ponderal, aumento de pressão venosa central e dispneia iniciados em menos de 24 horas e até 4 dias após o término da infusão da dose total de ciclofosfamida (200mg/kg) do transplante. Em três, de cinco pacientes submetidas a ecocardiografia, foram detectadas alterações sugestivas de disfunção cardíaca, corroborando os achados clínicos. Uma paciente evoluiu com choque refratário e posterior óbito por falência múltipla de órgãos. Uma paciente necessitou de pericardiocentese de alívio e, nos demais, o manejo com medicações reverteu as alterações clínicas. A dosagem dos níveis séricos de peptídeo natriurético mostrouse mais elevada (p<0,0005) nos pacientes que apresentaram sinais de toxicidade cardíaca. Concluímos que as avaliações clínicas sistematizadas por equipe de enfermagem permitiram a detecção de disfunções cardíacas pós-infusão de altas doses de ciclofosfamida, quadros retrospectivamente comprovados por elevação dos níveis sérico de peptídeo natriurético. O número reduzido de participantes não permitiu fazer análises estatísticas preditoras de cardiotoxicidade e foi uma limitação do estudo. Futuramente, objetivamos aumentar o número de pacientes do estudo e identificar marcadores preditivos de toxicidade cardíaca antes e durante o transplante