Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Monte, Vanessa Martins do |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-18062013-103230/
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Resumo: |
O objetivo desta tese é analisar, partindo de uma perspectiva filológica, um conjunto de cartas manuscritas, lavradas durante a década de 1765 a 1775, na capitania de São Paulo. Transcrevem-se os textos, para, a partir desse trabalho inicial, buscar-se definir algumas de suas coordenadas sincrônicas e diacrônicas, situacionais e linguísticas.1 Realiza-se um estudo minucioso de aspectos materiais e formais de um corpus predominantemente homogêneo quanto à espécie documental (carta), porém que mostrou apresentar variações. Ao final do trabalho filológico, publica-se a edição semidiplomática dos 137 fólios que compõem o corpus, acompanhada dos facsímiles. Por seu caráter conservador, a edição interessa a linguistas, e, pelo assunto tratado nas cartas, é fonte rica para historiadores. A partir do exame atento das fontes publicadas, trabalha-se com a hipótese da existência de uma relação entre a categoria socioprofissional dos destinatários e as formas de tratamento a eles dirigidas. A contextualização sócio-histórica dos documentos setecentistas culmina com a pesquisa sobre a origem dos remetentes, que localizou e permitiu traçar um perfil social mínimo de metade deles, atestando que pelo menos 32 documentos foram escritos, ou ditados, por homens nascidos na Colônia, principalmente na capitania de São Paulo. A partir dessas informações, da descrição sócio-histórica do período e do estudo de Marquilhas (2000), apresenta-se uma proposta de categorização socioprofissional que dê conta do corpus. As formas de tratamento (FT\'s) em língua portuguesa têm sido objeto de vários estudos, sincrônicos e diacrônicos: parte busca explicar de que maneira se deu a inclusão do pronome você, advindo da forma nominal vossa mercê, no sistema de tratamentos brasileiro; parte concentra-se na análise das formas nominais e pronominais, buscando descrever sua utilização e comparar o uso em documentos públicos e privados e entre períodos distintos. Número significativo de investigações linguísticas sobre o tema constituem corpora a partir de cartas, espécie documental bastante produtiva para tal análise. A teoria do Poder e da Solidaridade, desenvolvida por Brown e Gilman, e a análise das relações epistolares a partir das classificações em simétrica e assimétrica são comumente utilizadas em trabalhos recentes. No presente estudo, a análise das FT\'s comprova que a forma mais frequentemente empregada é vossa mercê, resultado que contraria a literatura especializada com relação a documentos oficiais. Além disso, chega-se à conclusão de que tal forma, diferentemente do que se verifica em outras pesquisas, não é utilizada preferencialmente nas relações assimétricas descendentes. O que condiciona seu emprego, na esfera pública, é a categoria socioprofissional do destinatário. Assim, aqueles que pertenciam às categorias socioprofissionais dos militares e dos administradores locais (juízes, ouvidores, provedores) eram tratados por vossa mercê. A análise sob o ponto de vista de categorias socioprofissionais permite também identificar que algumas delas, como a dos eclesiásticos, marcavam linguisticamente as posições hierárquicas superiores por meio do uso de FT\'s de alto valor honorífico, como vossa senhoria e vossa reverendíssima, enquanto outras, como a dos militares, não apresentavam essa diferenciação, sendo todos tratados por vossa mercê. |