Filologia e discurso na correspondência oficial do Morgado de Mateus: edição de documentos administrativos e estudo das marcas de avaliatividade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Munhoz, Renata Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-22122015-124218/
Resumo: Esta tese parte da função substantiva da Filologia ao realizar a transcrição semidiplomática de cem documentos oficiais setecentistas chancelados no período de 1765 a 1775. Esse conjunto contempla exemplares da documentação administrativa ascendente (ativa) e descendente (passiva) do Governador e Capitão-General da capitania de São Paulo, o Morgado de Mateus. O Morgado de Mateus é ora autor, ora interlocutor da Coroa Portuguesa, personificada na autoridade superior do Rei Dom José, que é representado pelo ministro do Reino, o Conde de Oeiras (posteriormente, Marquês de Pombal) e por dois secretários do Reino, Francisco Xavier de Mendonça Furtado e Martinho de Melo e Castro. Com base nas funções filológica, adjetiva e transcendente, analisam-se os documentos do corpus com o apoio das ciências auxiliares da Filologia: a Codicologia, a Crítica Textual, a Diplomática e a Paleografia. A partir dessas abordagens, retratam-se padrões de diferenciação de ordem codicológica, diplomática e paleográfica entre os documentos ativos e os passivos. A oposição entre documentos ativos e passivos (ou ascendentes e descendentes) também se estabelece em nível textual. Para a identificação de diferentes padrões discursivos no corpus, partimos de pressupostos da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), prescrita por Halliday e Matthiessen (2004), que considera a língua como uma rede de sistemas capaz de produzir significados de acordo com o contexto em que é utilizada. A língua, concebida como um sistema aberto e dinâmico orientado para a ação e para a reflexão, é empregada tanto para construir e comunicar as experiências humanas quanto para a negociação das relações interpessoais envolvidas na comunicação, cumprindo as duas metafunções ideacional e interpessoal. Complementar a elas, a metafunção textual seria a codificação dos textos, como processos de significação da língua, produzidos em relação a um dado contexto de ordem situacional e sociocultural. A importância atribuída ao contexto pela LSF acrescenta o viés da contextualização histórica às análises da construção e da estruturação discursivo-textual do corpus. Em tais análises destaca-se a metafunção interpessoal por meio das marcas linguísticas indicativas de valoração. Por conta desses destaques, adota-se a Teoria da Avaliatividade postulada por Martin e White (2005). Dessa forma, apoiadas as análises em pressupostos teórico-metodológicos que permitem um refinamento analítico nos subsistemas da Atitude, da Gradação e do Engajamento, reiteraram-se as distinções entre os eixos ascendente e descendente do corpus. Para aprofundar as análises, classificaram-se os documentos, tendo-se em vista o tipo de negociação intersubjetiva almejado. Em acréscimo ao levantamento dos recursos avaliativos pelos quais se vislumbram aspectos da intersubjetividade e da ideologia em voga, mapeiam-se as fórmulas inerentes à documentação oficial administrativa. A associação das perspectivas filológica e discursiva adotadas visam a comprovar a hipótese central desta tese, que é a seguinte: a correspondência oficial analisada apresenta diferentes padrões filológicos e discursivos, condicionados por fatores socioculturais e linguísticos que incidem sobre quem escreve e sobre quem controla a escrita desses documentos.