Arquitetura paulistana da década de 1960: técnica e forma

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Espallargas Gimenez, Luis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16131/tde-01082022-142249/
Resumo: A história mais consolidada da arquitetura moderna brasileira considera e assume como determinantes as políticas que cercam seus pressupostos e produção. Incontáveis pesquisas se animam ampliar o conhecimento dessa história moderna e acrescentam quantidade de informações, precisões e curiosidades ao conjunto, sem, no entanto, enfrentar declaradas descontinuidades e conceitos ainda inéditos. Na década de 1960, o brutalismo paulista modificou a sensibilidade artística mais próxima à difundida pelo International Style e desencadeou uma profunda alteração na forma, inexplicavelmente encampada pela seqüência de fenômenos que procuram provar a linearidade e progresso modernos. A aceitação irrestrita da arquitetura como tributária da razão e da ética fecha o cerco ideológico e exlcui estética e forma modernas do processo e avaliação artísticos. A combinação da plástica com o partido favorece prescindir da forma moderna intelectiva, facilita a criatividade e livra da repreensão formalista. A tese propõe a suspensão de algumas dessas certezas e procura demonstrar que também é factível entender o brutalismo como uma degradação do processo moderno de concepção e, mais ainda, como uma espécie de realismo artístico que retrocede à experiência estética mais convencional ao considerar mecanismos originais e simbolismos estruturais. Mesmo aprofundada no País, a inconsistência brutalista não foi causada pela regionalização, mas pela disparatada versão original. Fenômeno difícil de entender, pois ao insistir na autonomia artística nacional diminui-se a agilidade crítica por dificultar o enfrentamento aberto com experiências estrangeiras. Censura que não deixa compreender, em definitivo, os limites das propostas artísticas, tantas vezes referidas de maneira apressada. A obstrução do juízo visual na arquitetura foi inaugurada nas rebeliões juvenis do continente europeu e causaria um rebaixamento na arquitetura paulistana, embora orientada para aprofundar ainda mais seus efeitos radicais. Para entender a fratura formidável que representou o ataque brutalista ao pensamento moderno do século XX, parece necessário reativar a categoria da forma moderna como parâmetro eficaz que distingue objetos criados segundo critérios de semelhança e aparência e artefatos concebidos segundo uma ordem interna que lhes fornece legalidade e estrutura. Sob a substância pastosa e cinzenta do concreto aparente e bruto, que serviu para acobertar tantos brutalismos, esconde-se ora o tipo da estética normativa, ora a forma da estética moderna. Ora a corrupção brutalista, ora um sentido moderno preservado. Uma distinção decisiva ao escrever uma história que necessite considerar os juízos estéticos da arquitetura.