Associação entre alterações musculares e perda funcional de pacientes críticos após a internação na unidade de terapia intensiva: estudo observacional, longitudinal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lamano, Murilo Zoccoler
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5170/tde-14022019-093439/
Resumo: Introdução. O imobilismo durante a internação hospitalar pode levar a diversos efeitos deletérios, sendo a fraqueza muscular uma das principais alterações encontradas(1). Estudos mostram que pacientes críticos podem ter uma diminuição na força e na massa muscular com variações de 1 a 1,5% por dia e até 50% do total da massa muscular em duas semanas(2). Embora exista o conhecimento da pré-disposição a disfunções musculoesqueléticas durante a internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), poucas são as evidências claras e consistentes que analisem o quanto que a força e a ativação muscular estão relacionadas com a perda funcional. Objetivo. Analisar a associação entre alterações musculares, perda funcional e variáveis clínicas de pacientes críticos após internação na Unidade de Terapia Intensiva através da avaliação da força, função e atividade muscular no momento da alta da UTI. Desenho do estudo. Estudo observacional, longitudinal. Métodos. O estudo incluiu pacientes de Unidades de terapia intensiva do Hospital das Clínicas de São Paulo e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa CAAE: 45060215.3.3001.0068. Foram incluídos no estudo pacientes com idade igual ou maior de 18 anos, internados diretamente na UTI desse hospital, não vindo de outros serviços, sem déficits neurológicos, sem contraindicações para a execução dos testes propostos e sem contraindicação para mobilização durante a estadia na UTI. Foram excluídos pacientes com menos de 4 dias de internação, que apresentarem edema no momento da avaliação de eletromiografia ou que durante a internação evoluíssem com alterações neurológicas. No momento da admissão foram colocados aceleromêtros nos indivíduos para o controle do nível de atividade física. No momento da alta da UTI foi realizada uma avaliação para a análise de força a ativação muscular através da Força de preensão palmar (FPP), medida pela dinamometria, e a Eletromiografia (EMG). Também foram realizados testes de campo, entre eles estão o teste de sentar e levantar de 30 segundos, teste de marcha estacionária de 2 minutos e Timed up and Go (TUG). Resultados. Foram analisados 107 pacientes com 53±15 anos, 51% do sexo feminino, 26% estiveram sob VMI, 20% apresentaram algum quadro séptico, com um tempo de internação na UTI de 10±8. Na análise de FPP obtivemos um valor médio de 20 kgf ±9, já para ativação muscular verificamos uma porcentagem de ativação de 30%±19 para o músculo vasto lateral. Na análise de associação verificamos valores significativos para ambos testes em relação a perda funcional na UTI, sendo que a diminuição da FPP aumentou 8% a chance de perda funcional (OD=1,084, IC 95% 1,025-1,147) e a menor ativação do vasto lateral 13% (OD=1,131, IC 95% 1,027 - 1,246). Os testes de campo mostraram associação com a FPP: o teste de sentar e levantar apresentou um R ajustado de 0,325 e um p < 0,001, já o teste de marcha estacionária teve um R ajustado 0,208 e p = 0,03. A FPP também teve associação com as variáveis clínicas: idade (R ajustado 0,22 e p = 0,031) e sepse (R ajustado 0,242 e p = 0,016). Já o músculo vasto lateral teve associação com a porcentagem de tempo em inatividade (R ajustado 0,235 e p = 0,01) e uso de VMI (R ajustado 0,2 e p = 0,03). Conclusão. Nossos resultados mostraram que a FPP e a ativação do músculo vasto lateral tem associação com o declínio funcional. Além disso a força muscular apresentou associação com o teste de sentar e levantar e de marcha estacionária. Percebemos que esses achados apresentaram também associação de variáveis como VMI, idade, sepse e porcentagem de tempo em inatividade. Portanto a avaliação dessas variáveis provou ser importante para auxiliar na proteção da perda funcional em pacientes de UTI