Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Domingo, Maria Del Pilar Roncero |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-20032023-160404/
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Resumo: |
A maioria das populações de primatas está sendo afetada pela pressão antrópica, especialmente pela mudança no uso do solo para agriculturas intensivas nas zonas tropicais. O Cerrado está ficando cada vez mais quente e seco, o que tem sido associado ao desmatamento, queimadas, construção de infraestruturas e avanço do agronegócio. Nesse cenário, é importante pesquisar como as diferentes espécies estão respondendo a esse processo. Variações na dieta e no orçamento de atividades, assim como perdas no repertório comportamental, já foram descritas em populações que vivem em ambientes perturbados. Além disso, alguns autores sugerem que as tradições culturais de várias populações, incluindo a dos macaco-prego (S. libidinosus) da presente pesquisa, poderiam estar ameaçadas pela pressão antrópica. A tradição de quebra de cocos usando ferramentas tem sido amplamente estudada desde 2005 na população da Fazenda Boa Vista (FBV), que se encontra no município de Gilbués (PI), considerado um núcleo de desertificação do Brasil. Apesar de ser uma propriedade relativamente bem preservada, o avanço das monoculturas intensivas nas proximidades, a chegada da eletricidade, pavimentação da rodovia mais próxima e construção de habitações podem ter afetado as variáveis ambientais da região. Por isso, neste trabalho investigamos possíveis mudanças no clima e na oferta de alimento, incluindo cocos, na FBV. Também investigamos variações na dieta dos macacos, no uso do estrato e no orçamento de atividades, prestando especial atenção ao tempo dedicado a quebrar cocos usando ferramentas. No caso das variáveis climáticas, foram usados dados longitudinais desde o ano 2006 até o ano 2020 e, no caso da biomassa e as variáveis comportamentais, foram usados dados dos períodos 2006-2010 e 2015-2020. Para detectar tendências ao longo do tempo foi usado o teste de Mann-Kendall, realizando também previsões climáticas até 2030 através do modelo ARIMA. Comparações entre períodos foram realizadas usando o teste de KruskalWallis, assim como análises de correlação entre todas as variáveis. Encontramos mudanças climáticas, incluindo um aumento na temperatura máxima e uma diminuição na temperatura mínima e umidade mínimas. Também foi encontrada uma intensa queda na oferta de palmeiras com fruto por hectare, de frutos e de invertebrados, os últimos nas estações chuvosas. No caso das variáveis comportamentais, encontramos uma diminuição no tempo que os primatas passam no chão, assim como no tempo dedicado a quebrar cocos usando ferramentas e a se deslocar. Também foram encontradas diferenças no comportamento alimentar, incluindo uma diminuição no consumo de cocos e invertebrados e um aumento no consumo de milho dos cultivos. Os resultados sugerem que as mudanças climáticas e na oferta de recursos estão afetando ao comportamento dos macacos-prego da FBV. Foi confirmada a hipótese de que a tradição de uso de ferramentas está ameaçada, o que parece ser explicado principalmente pela queda na oferta de cocos, a diminuição da umidade mínima e o aumento da temperatura máxima. Se as tendências encontradas na presente pesquisa se mantiverem no futuro, essa tradição cultural pode desaparecer. Nesse contexto, ressaltamos a importância de considerar a diversidade comportamental nos critérios de planos de conservação, não só pelo seu valor intrínseco, mas também pelo seu valor adaptativo para as populações |