Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Nunes, Fernanda Battistella Passos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10134/tde-27062019-101117/
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Resumo: |
A bactéria Rickettsia rickettsii é o agente etiológico da Febre Maculosa Brasileira (FMB), que tem ocorrido em torno de 80% de letalidade no sudeste do Brasil. A maioria dos casos de FMB no sudeste do Brasil tem sido associada à transmissão por Amblyomma sculptum em áreas onde esta espécie de carrapato foi mantida principalmente por capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris). Neste trabalho, avaliamos a expansão de uma população de capivaras em um condomínio residencial no Estado de São Paulo e as implicações dessa expansão para a ocorrência de carrapatos e FMB. Para esse fim, quantificações do número de capivaras foram feitas visualmente de 2004 a 2013. Em 2012, houve um caso humano da FMB na área, o que motivou uma intervenção oficial que consiste no cercamento do perímetro do residencial e na eutanásia de toda a população de capivaras entre 2012 e 2015. Posteriormente, as contagens de capivara durante 2016-2018 confirmaram a ausência de capivaras na área. A contagem de carrapatos no ambiente foi realizada por armadilhas de gelo seco (CO2) de 2005 a 2018, e os resultados são apresentados como número médio de carrapatos por armadilha. Durante 2017-2018, realizamos a captura de ratão do banhado (Myocastor coypus) nas áreas anteriormente ocupadas pelas capivaras. Finalmente, cães domésticos em 2006 e 2011, capivaras em 2012 e ratões do banhado em 2017-2018 foram testados sorologicamente para a presença de. anticorpos de anti-R. rickettsii. Os resultados mostram que o número de capivaras aumentou 5 vezes durante num período de 8 anos, de 2004 (quando 41 capivaras foram contadas) para 2012, quando 230 capivaras foram contadas e o programa de remoção foi iniciado devido a um caso de FMB naquele mesmo ano. Nenhuma capivara foi observada no condomínio durante as contagens de 2016 a 2018. As armadilhas de gelo seco coletaram duas espécies de carrapatos: A. sculptum e Amblyomma dubitatum. O número de carrapatos adultos de A. dubitatum foram geralmente mais altos do que os adultos de A. sculptum durante 2005-2006; no entanto, durante 2012-2013, A. sculptum superou em número A. dubitatum por uma grande diferença. Durante 2016-2018 (após a remoção de capivaras), o número de ambas as espécies foi sempre muito baixo e estatisticamente semelhante. Considerando cada espécie separadamente, os números de A. dubitatum foram relativamente constantes durante 20052013. Em contraste, os números de A. sculptum mostraram um aumento significativo de 2005-2006 para 2012. Comparando o número de carrapatos adultos por armadilha com o número de capivaras no condomínio, o baixo número de adultos de A. sculptum durante 2005 -2006 coincidiu com números relativamente baixos de capivaras (<80). Por outro lado, em 2012 foram contabilizados os maiores números de carrapatos e capivaras de A. sculptum (230 animais). Apenas quatro ratões do banhado foram capturados durante 2017-2018, infestadas por 0 a 5 ninfas de A. dubitatum. Todas as amostras de sangue caninos de 2006 (30 cães) e 2011 (10 cães) foram soronegativas para R. rickettsii, assim como as quatro ratões do banhado de 2017 - 2018. De um total de 172 capivaras testadas em 2012-2013, 83 (48,3%) foram sororeativos para R. rickettsii. Nossos resultados indicam que o surgimento do FMB no condomínio foi conseqüência do aumento da população de capivaras na área, que por sua vez, proporcionou o incremento da população de A. sculptum. A eutanásia de toda a população de capivaras condomínio resultou na supressão local ambiental da quantidade de A. sculptum e A. dubitatum, eliminando os riscos de novos casos de FMB entre moradores do condomínio. |