Superdotação e psicanálise: uma questão do desejo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Sanada, Elizabeth dos Reis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-22082006-112243/
Resumo: O presente trabalho busca discutir psicanaliticamente um tema até então prevalecente no campo da psicologia e, profundamente arraigado a uma concepção genética e determinista de homem - a superdotação. Trata-se de um assunto intrinsecamente relacionado ao conceito de inteligência, sendo abordado pela psicologia clássica a partir de três grandes vertentes: a biológica, a ambientalista e a interacionista. Sendo assim, ao longo dos capítulos, buscamos situar de que maneira o modo descritivo como a psicologia aborda essa questão acaba por isolar o superdotado numa condição que impossibilita qualquer alternativa de abordagem que considere o seu discurso e que enfoque os aspectos concernentes à subjetividade. Num contraponto, propomos uma leitura psicanalítica do tema, enfocando preponderantemente casos de neurose, partindo da hipótese de que a constituição cognitiva se encontra em estreita relação com a constituição psíquica do sujeito. Defendemos, assim, a tese de que a superdotação se constitui numa forma peculiar de responder ao desejo materno e ao fantasma parental, podendo ser pensada como um sintoma na medida em que incorre na transformação do mal-estar, próprio da estruturação neurótica, num sofrimento oriundo da colagem do sujeito ao significante superdotado. A partir dessa premissa, propomos uma articulação entre o desejo de saber em Freud e em Lacan, tendo como pressuposto que as questões referentes à inteligência, neste referencial, sofrem um deslocamento dos aspectos biológico, ambientalista e/ou interacionista, estabelecendo-se sob o primado da sexualidade, estando, em muito, associada ao modo como o sujeito se encontra referido à castração e à demanda do Outro. Como material de pesquisa, seguindo o método psicanalítico, foram utilizados os relatos de entrevistas gravadas com duas crianças diagnosticadas como superdotadas e com seus respectivos pais, onde se pôde acompanhar de que modo responder desse lugar - o de superdotado -, surgia como uma forma de atender ao desejo parental. A conclusão da pesquisa confirma a hipótese de que a constituição psíquica possa influir no processo de constituição cognitiva do sujeito, embora admita também a necessidade de uma predisposição inata da criança para a superdotação, articulando a questão simbólica - advinda da incidência do significante e do desejo - aos registros do imaginário e do real.