Avaliação da incidência e fatores associados à infecção por Mycobacterium tuberculosis em receptores de transplantes de células tronco-hematopoiéticas no Estado de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Litvoc, Marcelo Nóbrega
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-28042022-124145/
Resumo: A tuberculose permanece como importante problema de saúde pública no Brasil, com incidência de 31,6 casos por 100.000 habitantes no ano de 2020. Como infecção oportunista, apresenta relevância crescente em populações de pacientes imunossuprimidos, tais como pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA), candidatos a transplante de órgãos sólidos (TOS), transplantados de células troncohematopoiéticas (TCTH), pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia, usuários de imunobiológicos, corticosteroide e outras categorias de imunodepressão. Quase inexistem dados sobre tuberculose na população submetida ao TCTH. A literatura internacional aponta frequências entre 0,0014 até 16% dos transplantes. Tal variação reflete as diferentes situações epidemiológicas dos grupos submetidos a transplante nas várias regiões do mundo. Há diferenças importantes em relação ao risco para tuberculose entre as modalidades de transplante autólogo e alogênico, e nesses especialmente nos não-aparentados. Trata-se de um estudo multicêntrico observacional de seguimento de uma coorte retrospectiva de pacientes (prognóstico) submetidos a TCTH no Estado de São Paulo no período de 2007 até o ano de 2016. Após convite aos principais centros transplantadores para compartilhamentos de dados sobre os transplantes realizados no período e acesso ao banco dos transplantes alogênicos não-aparentados do Registro nacional de receptores de medula óssea (REREME) foram elaborados dois bancos para realização de linkage com o banco do programa de tuberculose da Secretaria Estadual da Saúde do Estado de São Paulo (SES-SP) no mesmo período. Foram identificados 15 casos de tuberculose no total de 2243 transplantes (1524 autólogos e 719 alogênicos), a partir do banco do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), Hospital Brigadeiro e HSP-UNIFESP (Hospital São Paulo-Universidade Federal de São Paulo). Considerando-se os oito casos em autólogos e sete casos em alogênicos, a densidade de incidência calculada a partir do tempo de contribuição individual de cada paciente na coorte foi de 204 casos/100.000 pacientes-ano para autólogos, 357 casos/100.000 pacientes-ano para alogênicos e 255 casos/100.000 pacientes-ano para o total dos transplantes. Utilizando a média da incidência da cidade de São Paulo no período; 50,3 casos/100.000 habitantes, foram calculados os valores de standardized incidence ratio (SIR): 4,08 (IC 95% 2,04-8,05), 7,14 (3,38- 14,8) e 5,1 (3,09-8,33) respectivamente para os transplantes autólogo, alogênico e total. No banco do REREME, foram encontrados cinco casos de tuberculose em 1223 transplantes realizados no período, determinando uma densidade de incidência de 183 casos por 100.000 pacientes-ano, com SIR de 4,9 (IC 95%:1,8-11) comparado com a incidência do Estado de São Paulo neste período: 38,3 casos/100.000 habitantes. Foram identificados através do record-linkage um total de 28 casos de tuberculose anteriores à realização do transplante, com sete autólogos, quatro alogênicos e 17 alogênicos não aparentados. Nenhum caso apresentou reativação ou recidiva após o procedimento. As limitações do estudo estão relacionadas ao número restrito de centros colaboradores, pouca disponibilidade de informações clínicas e laboratoriais relacionadas ao transplante e fonte de dados secundárias de forma retrospectiva. Novos estudos multicêntricos colaborativos prospectivos são necessários para melhor compreensão da tuberculose nesta população e avaliação da infecção latente por Mycobacterium tuberculosis