Efeito da maturidade da planta e diferentes tratamentos sôbre a ensilagem do capim elefante (Pennisetum purpureum, Shum) variedade Napier

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1971
Autor(a) principal: Faria, Vidal Pedroso de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240301-143328/
Resumo: O capim Elefante (Pennisetum purpureum, Schum), variedade Napier, colhido aos 51,86 a 121 dias de crescimento vegetativo, foi utilizado no preparo de silagens exclusivas, silagens com 3% de melaço diluído em água, silagens com 30% de cana de açúcar picada, silagens de capim submetido ao murchamento prévio e silagens de capim submetido ao murchamento prévio e tratado com 3% de melaço. O delineamento experimental adotado foi o de parcelas sub-divididas, de modo a que as parcelas representassem os três estádios de maturidade e as sub-parcelas, os cinco tratamentos de ensilagem. Sacos plásticos contendo cêrca de 6 kg de forragem foram utilizados como silos pilotos de laboratório e 30 dias após a ensilagem, o produto fermentado foi analisado para a determinação de ácidos orgânicos, pH, matéria seca e proteína. Análises levadas a efeito com a forragem não ensilada permitiram determinar o teor de carboidratos solúveis e o poder tampão ao ácido lático da planta forrageira. Observou-se que o teor de carboidratos solúveis do capim Napier era baixo, sendo essa característica responsável pela obtenção de silagens exclusivas de baixa qualidade, caracterizadas por teores reduzidos de ácido lático, teores elevados dos ácidos acético, succínico e propiônico, presença de ácido -butírico e pH elevado (4,35 em média). Correlações significativas foram obtidas entre o teor de carboidratos solúveis, o pH e os ácidos orgânicos das silagens. Com a maturidade da planta, o teor de carboidratos solúveis passou de 14,13% aos 51 dias, para 12,05% aos 86 dias e 8,97% aos 121 dias, e, dessa maneira, o crescimento vegetativo criou condições para que a qualidade das silagens decaísse, como consequência da tendência crescente de produçao de ácido butírico. Notou-se não ser possível prever a intensidade da fermentação butírica nas silagens exclusivas, pois, a variação nos teores dos diferentes silos foi considerável, não permitindo a análise estatística dos dados. O poder tampão ao ácido lático, determinado nas amostras de forragem não ensilada, foi relativamente alto e poderia ser um dos fatôres responsáveis pelo desenvolvimento de fermentações butíricas nas silagens exclusivas. Com a maturidade da planta a quantidade de ácido lático necessária para abaixar o pH para 4 passou de 55,26 mg por grama de matéria sêca no primeiro estádio, para 44,97 mg no segundo e 36,81 mg no terceiro. Essa redução poderia ter beneficiado a ensilagem, pois, com a queda significativa nos teores de ácido lático de 5,05% para 2,35% e 1,79%, o pH não sofreu alterações. Não foi possível o estabelecimento de conclusões detalhadas sôbre o efeito do poder tampão na ensilagem do capim Napier. Observou-se que o capim Napier produz silagens pobres em proteína e não foi possível estabelecer uma associaçao entre êsse composto químico e as fermentações da ensilagem. Com a maturidade, o teor proteico das silagens caiu de 6,83% aos 51dias para 3,87% aos 86 dias e 3,02% aos 121 dias. Obteve-se para as silagens estudadas, valores bastante baixos de matéria sêca, sendo essa uma característica desfavorável para a ensilagem. A maturidade aumentou a matéria sêca de 14,83% no primeiro estádio, para 18,95%, no segundo e 23,62% no terceiro corte de amostragem, mas nao permitiu a obtenção de forragem com um teor mais adequado de matéria sêca. Correlações negativas foram obtidas entre o teor de matéria sêca e os ácidos lático, acético e propiônico. O murchamente prévio da forragem a ser ensilada provocou aumentos significativos de 3,17 unidades e 4,73 unidades na matéria sêca das silagens preparadas aos 86 e 121 dias de crescimento vegetativo. Observou-se que êsses aumentos não foram capazes de inibir a fermentação butírica apesar de se notar uma tendência para a diminuição nos teores dêsse ácido com o desenvolvimento vegetativo da forragem. O tratamento reduziu o teor de carboidratos solúveis e o poder tampão da forragem a ser ensilada e, após o segundo estádio de maturidade, restringiu as fermentações e as silagens apresentaram um pH mais elevado. Atribuiu-se à textura física do capim Napier, a pequena eficiência do murchamento como um tratamento para a elevação dos teores de matéria sêca. Considerou-se que o fator limitante para a ensilagem do capim Napier foi o baixo teor de carboidratos solúveis pois, a adição de cana de açúcar ou melaço corrigiu os efeitos desfavoráveis da maturidade e do murchamente prévio sôbre a ensilagem. Todas as silagens tratadas com os aditivos ricos em açúcares mostraram-se livres da fermentação butírica e apresentaram teores elevados de ácido lático, teores reduzidos de ácidos voláteis, pH próximo ou abaixo de 4, e teores mais elevados de proteína. A adição de 30% de cana de açúcar picada foi semelhante à adição de 3% de melaço pois, ambos os tratamentos forneceram uma quantidade adequada de substrato para a fermentaçao lática e quase que dobraram o teor de carboidratos solúveis da forragem a ser ensilada. A quantidade de carboidratos solúveis adicionados por unidade de matéria sêca não foi a mesma nos três estádios de maturidade da planta, devido ao fato de que a adição foi realizada com base no pêso verde da forragem. Esse fato não trouxe prejuízos para o processo da ensilagem, desde que, de acôrdo com os dados obtidos, o teor mínimo de carboidratos solúveis para garantir uma fermentação adequada, diminuiu com a maturidade da planta.