Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Bernardo, Vivian de Ulhôa Cintra |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-04122019-170150/
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Resumo: |
O que motiva esta dissertação é investigar as contribuições da Linguística Cognitiva para descrever e analisar a construção de referentes no discurso a partir da observação da concordância de gênero gramatical no Português Brasileiro (PB). Se, por um lado, o gênero gramatical no PB pode ser compreendido a partir dos termos marcado e não marcado (cf. Câmara Jr 1975, 1972, 1966), por outro podemos fazê-lo corresponder às categorias feminino e masculino. A primeira terminologia implica que o sufixo a de palavras femininas (aluna, por exemplo) não seria uma marca de gênero, mas sim sua vogal temática. Não obstante, no PB, o gênero masculino e as noções de neutro e genérico i.e., gêneros que pretendem expressar, respectivamente, grupos formados por seres inanimados e por seres de diferentes sexos frequentemente apresentam a mesma representação morfológica, a terminação o. Essa coincidência pode ser afetada pela associação, feita por diversos falantes, de gêneros gramaticais a gêneros sociais. De acordo com o que identificamos nesta pesquisa, é plausível assumir que o sufixo o costuma ser lido como expressão de masculino, e o sufixo a, de feminino. Apesar dessa correlação frequente, o masculino genérico, originado na resolução de concordância, continua sendo empregado e ensinado como o único gênero adequado para referenciar grupos em que há a presença de fêmeas e machos. Todavia, essa prática tem sido gradativamente mais criticada por pessoas que optam por empregar novas formas de concordância de gênero em PB. Entre estas, encontram-se as chamadas linguagens não-binárias, que consistem na substituição do sufixo que indica gênero gramatical por símbolos que eliminam essa indicação, como em todxs e tod@s substituindo todos ou todas. Há também propostas que defendem a explicitação de sintagmas que estejam tanto no feminino quanto no masculino para referenciar grupos em que há integrantes de ambos os sexos. Essas diferentes estratégias são empregadas por grupos sociais também diferentes, algo que nos parece relevante para compreender os contextos de uso de cada uma bem como suas implicações linguísticas e sociais. Portanto, a fim de investigar o uso do masculino genérico e das formas linguísticas que se desviam dele, consideramos relevantes alguns fenômenos comumente estudados pela Linguística Cognitiva, conforme Steen (2016, 2017), Bybee (2010), Barcelona (2011), Langacker (2008, 2009), Ruiz de Mendoza Ibáñez (2000), e outros. Entre os conceitos previstos nesse horizonte teórico, foram especialmente úteis o da prototipicidade, o da gradiência, o da perspectivação e, sobretudo, os da conceptualização metonímica e da metáfora deliberada. Mediante esses referenciais teóricos, desenvolvemos a análise qualitativa de um corpus compilado durante a pesquisa e de dados experimentais obtidos em outros estudos sobre línguas românicas distintas. Com isso, identificamos que falantes tendem a não reconhecer que o masculino genérico inclui seres femininos na mesma proporção que reconhecem a inclusão de seres masculinos. Ademais, discutimos quando os usos dos gêneros gramaticais no PB se mostram influenciados por pressões metonímicas e quando o são por outros processos cognitivos, como o da metáfora deliberada. Por fim, procuramos relacionar o que identificamos na análise cognitiva ao que verificamos na análise sociológica e discursiva. |