Trabalho e voz no contexto docente: pesquisa-ação com professores da rede pública de ensino em Maceió, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Porto, Vanessa Fernandes de Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Voz
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-13102023-083942/
Resumo: Introdução: No decorrer dos anos, a mudança no trabalho e sua degradação proporcionaram o adoecimento de profissionais diversos. Essas expressões do adoecimento persistem até os dias atuais, visto que as características fundamentais do capital solicitam dos trabalhadores novas habilidades e saberes que necessitam de transformações comportamentais e adaptação à realidade atual. Nesse contexto, o professor, categoria que representa milhões de trabalhadores no Brasil, arca com novas funções, enfrenta uma sobrecarga de trabalho, sofre mais desgaste físico e mental, se submete a salários mais desvalorizados e têm se destacado como profissionais em potencial no desenvolvimento de distúrbios vocais. Objetivo: Compreender a relação do trabalho e do adoecimento vocal em professores da rede pública de ensino. Métodos: Foram realizados três sub estudos. O primeiro foi uma revisão narrativa sobre a comunicação e pesquisa-ação em tempos de pandemia do Covid-19, com ênfase nos desafios e novas possibilidades. O segundo estudo foi uma revisão de escopo sobre as evidências científicas quanto ao impacto do trabalho no adoecimento vocal docente. O terceiro estudo foi do tipo pesquisa-ação, realizado com professores de uma escola de ensino fundamental da cidade de Maceió-Alagoas. Foram realizados 13 seminários, com encontros on-lines pela plataforma google meet e presenciais, a maioria dos professores são do gênero feminino e possuem carga horária média de 40h/semanais. Além disso, foi realizada a gravação e o registro no diário de campo de todos os encontros pela pesquisadora, bem como a aplicação de questionários aos docentes. A análise das informações produzidas nos seminários se fundamentou no referencial teórico da Análise de Conteúdo. Resultados: A revisão narrativa permitiu refletir que na pandemia a tecnologia digital foi uma aliada efetiva na articulação da teoria com a prática, do conhecimento com a ação, bem como na busca da compreensão entre a relação do trabalho com o adoecimento vocal. No segundo estudo, foram encontrados 1374 artigos nas bases de dados, dos quais 18 foram incluídos na revisão. Os estudos, em sua maioria, foram realizados no Brasil, com predominância no estado de São Paulo. A amostra consistiu em 622 participantes, estando a faixa etária entre 20 e 65 anos, com predominância do gênero feminino e professores da educação básica. No terceiro estudo identificou-se as 05 principais causas relacionadas ao adoecimento vocal, dentre elas o alto índice de estresse é ocasionado por problemas emocionais, sobrecarga de trabalho, múltiplos papéis ocupados pela mulher na sociedade, presença de alunos com diferentes níveis de aprendizagem numa mesma classe. Já as condições inadequadas do ambiente de trabalho apontam condições desfavoráveis do ambiente escolar, ausência de recursos pedagógicos e multifatorialidade do adoecimento vocal. Considerações finais: os professores estão expostos a condições de trabalho precárias, tornando o cotidiano desses profissionais uma rotina desafiante de administrar, com maior risco para o distúrbio vocal. Evidencia-se que o adoecimento vocal é consequência da junção de diversos fatores, que vão além das questões predisponentes individuais e biológicas do professor, do ambiente e organização do trabalho, mas sim decorrentes da precarização do trabalho gerados pelas mudanças das atividades sem o necessário suporte social para a organização das exigências do trabalho.