Do Inconsciente da metapsicologia ao dispositivo clínico: uma análise institucional do discurso de Freud

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Afonso, Felipe Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-07082015-110156/
Resumo: Partindo de trabalhos recentes que analisaram os discursos de psicanalistas contemporâneos sobre seu fazer e que se orientaram segundo o método da Análise Institucional do Discurso (AID), pudemos afirmar que a teoria informa o fazer clínico da psicanálise. Isso implicou dizer também que, por via inversa, é a clínica que materializa a teoria. Dessas duas afirmações levantamos uma pergunta: como Freud formula um conceito específico dessa teoria que informa a escuta e o pensamento desses psicanalistas? Escolhemos o conceito de inconsciente, pois ele é, ao que tudo indica, o carro-chefe da metapsicologia freudiana. Assim, analisamos o texto O inconsciente de Freud pelo método da AID. Nossos resultados foram, de certa forma, surpreendentes. No que diz respeito ao lugar constituído pelo e para o conceito, verificou-se, por um lado, que o texto de Freud é um jogo constante entre mostrar o inconsciente, descobri-lo, revelá-lo, caracterizá-lo (como se o inconsciente fosse um fato, um dado da experiência), e entre demonstrá-lo, inferi-lo, hipotetizá-lo, derivá-lo (de modo teórico). Por outro lado, também pudemos verificar que o conceito de inconsciente constrói-se como em bloco, ou melhor, como um caleidoscópio; como se outros conceitos fossem exigidos para dele dar conta. No que se refere ao modo como Freud produz conhecimento, nossas análises apontaram para um modo de enunciação que coloca o inconsciente no contra: contra a filosofia, contra a medicina e contra uma psicologia da consciência. Esse estar no contra é o que, para Freud, insere, incrivelmente, a psicanálise na ordem do discurso da ciência. Ainda no que concerne aos modos de produção de verdade, a metapsicologia parece se sustentar sobre um determinado disposto institucional, que nomeamos como análise. Seria esse dispositivo, segundo nossa pesquisa, que efetua o passe de mágica pelo qual a teoria ganha ares de uma verdade. Por fim, discutimos duas questões: a primeira é relativa ao dispositivo analítico como o definidor da psicanálise, e não necessariamente a metapsicologia. A segunda, à proposta de Guirado para uma clínica ao arrepio da metapsicologia