O território da ciência da natureza em Freud

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Carvalho, Vitor Orquiza de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-04092018-165405/
Resumo: Ao longo de toda sua obra, Freud não abandona a proposta de que a psicanálise é uma ciência da natureza. Com isso, além de gerar um extenso debate sobre a legitimidade dessa proposta, ele evidencia que o horizonte filosófico mais condizente com suas hipóteses é o naturalismo. Certas ressonâncias desse horizonte aparecem em argumentos de teor epistemológico, metodológico e ontológico, revelando que o aparelho psíquico por ele formulado não pretende exceder o território dos fenômenos naturais e de caráter empirista. O objetivo principal desta pesquisa é investigar esses argumentos para oferecer uma compreensão sobre a concepção freudiana de ciências da natureza e o que ela pode oferecer em termos de sua versão de naturalismo. Para tanto, tomamos o critério elaborado por determinadas filosofias contemporâneas que dividem o naturalismo em um componente metodológico e outro ontológico. Critério este que permite levantar a hipótese de que, sem desconsiderar o naturalismo metodológico, Freud não pode renunciar ao naturalismo ontológico. Ele precisa se comprometer com a hipótese metafísica de que todos os fenômenos são naturais, e a razão para isso encontra-se em outra caracterização que atribuímos à sua atitude epistemológica: a de ser fenômenoorientado. Entre permanecer em concordância com teorias científicas predominantes ou se deixar guiar por aquilo que legitima como fenômeno, Freud escolhe sempre a segunda opção. Essa atitude implica a necessidade de expressar quais devem ser os modos de naturalização apropriados para fenômenos que não condizem com o modelo oferecido por outras ciências da natureza. A pesquisa busca então circunscrever três momentos decisivos da obra freudiana que nos permitem discutir e analisar esses modos de naturalização. Esses momentos agrupam conceitos e concepções concentradas principalmente nos textos Projeto para uma psicologia (1895), A interpretação dos sonhos (1900), Três ensaios sobre a teoria sexual (1905) e Pulsões e destinos das pulsões (1915). Por meio de um estudo sobre temas diversos relacionados à natureza do conhecimento científico, decorre de nossa análise a proposta de que um compromisso ontológico se manifesta em todas as concepções de mente que Freud elabora. Presente, inclusive, desde Sobre a concepção das afasias (1891), este compromisso faz que os termos ontológicos dos fenômenos psíquicos sejam mais bem compreendidos com base no que Freud designa como processo. Ao final, sugerimos que, por causa do estabelecimento desse compromisso, torna-se possível compreender a metapsicologia freudiana por meio de um caráter de indispensabilidade