Hemostasia endoscópica para o sangramento da úlcera péptica: revisão sistemática e meta-análises

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Baracat, Felipe Iankelevich
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-28072017-092110/
Resumo: Contexto: A hemorragia digestiva alta (HDA) resulta em 200 a 300 mil internações por ano nos Estados Unidos, com uma mortalidade de 2,5% a 10%. A úlcera péptica representa a causa mais comum de HDA, correspondendo por um terço a metade de todos os casos. Apesar das melhorias na compreensão de sua etiologia, a incidência de sangramento da úlcera péptica, sua complicação mais comum, não se alterou nas últimas décadas. A terapia endoscópica para HDA pode reduzir drasticamente o risco de ressangramento ou sangramento contínuo, a necessidade de cirurgia de urgência, o número de unidades de concentrado de hemácias para transfusão, o tempo de internação hospitalar e a mortalidade. O tratamento endoscópico da úlcera hemorrágica já percorreu um longo caminho desde injeções de adrenalina e outras soluções, o uso da termocoagulação, até a aplicação de dispositivos mecânicos, como o clipe metálico e a ligadura elástica. Objetivo: Permanece por esclarecer qual é a modalidade endoscópica (ou combinação de modalidades) que apresenta os melhores resultados no tratamento da hemorragia digestiva decorrente da úlcera péptica. Portanto, o objetivo desta revisão sistemática é comparar as diferentes modalidades de tratamento endoscópico da HDA decorrente da úlcera péptica, utilizando ensaios clínicos randomizados. Fontes de dados: Os estudos foram identificados através de pesquisa em bases de dados eletrônicas e listas de referência de artigos. As bases de dados pesquisadas foram Medline, Embase, Cochrane, LILACS, Dare e CINAHL. Critérios de elegibilidade de estudo, participantes e intervenções: Os estudos selecionados foram os ensaios clínicos randomizados comparando as diferentes modalidades endoscópicas para o tratamento de pacientes com hemorragia digestiva alta causada por úlcera péptica. Os estudos incluídos avaliaram técnicas endoscópicas contemporâneas de hemostasia: terapia de injeção endoscópica (todas as soluções, simples ou múltiplas), termocoagulação (heater probe, coagulação com plasma de argônio, coagulação com micro-ondas, eletrocoagulação monopolar, bipolar e multipolar), aplicação de clipes metálicos e tratamento combinado. Os desfechos avaliados foram as taxas de hemostasia inicial, ressangramento, cirurgia de urgência e de mortalidade. Avaliação de vieses: Ao nível de cada estudo, os revisores determinaram a adequação da randomização e da alocação; cegamento de pacientes, profissionais de saúde, coletores de dados e avaliadores de resultados; bem como o relato e a extensão das perdas de seguimento. Também foi avaliado se as técnicas de hemostasia endoscópica foram devidamente descritas e, se os desfechos foram adequadamente definidos em cada estudo. A análise de sensibilidade foi realizada quando a heterogeneidade (I2) foi superior a 50% e uma nova meta-análise foi calculada excluindo o(s) estudo(s) discrepante(s). Uma análise adicional foi realizada em cada comparação, incluindo apenas os ensaios de qualidade metodológica mais elevada. Resultados principais: Um total de 28 ensaios clínicos randomizados (envolvendo 2988 pacientes) foram avaliados nesta revisão, eles foram divididos em sete grupos de comparação de acordo com as modalidades estudadas em cada estudo. A terapia de injeção endoscópica como modalidade única foi inferior à sua combinação com o clipe metálico e com a termocoagulação na avaliação de taxa de ressangramento (diferença dos riscos [DR] = -0,10, intervalo de confiança de 95% [IC95%] = -0,18 a -0,03 e [DR] = -0,08, [IC95%] = -0,14 a -0,02, respectivamente) e na necessidade de cirurgia de urgência ([DR] = -0,11, [IC95%] = -0,18 a -0,04 e [DR] = -0,06, [IC95%] = -0,12 para -0,00, respectivamente). A aplicação de clipes metálicos foi superior à terapia de injeção endoscópica na avaliação da taxa de ressangramento ([DR] = -0,13, [IC95%] = -0,19 para -0,08), e os resultados da comparação entre a aplicação de clipes metálicos como monoterapia e a sua combinação com a terapia de injeção endoscópica não apresentaram diferenças estatísticas. A comparação entre o clipe metálico e a termocoagulação encontrou uma considerável heterogeneidade entre as intervenções utilizadas em cada estudo e nos resultados encontrados das meta-análises. A comparação da termocoagulação com a terapia de injeção endoscópica não evidenciou qualquer diferença estatística entre as modalidades, e a combinação delas é superior à técnica de termocoagulação sozinha ao avaliar a taxa de ressangramento ([DR] = -0,11, [IC95%] = -0,21 para - 0,02). Conclusões: A terapia de injeção endoscópica não deve ser empregada isoladamente. A aplicação de clipes metálicos é superior à terapia de injeção endoscópica, e a associação da injeção endoscópica não melhora a eficácia hemostática do uso isolado do clipe metálico. Como modalidade única, uma técnica de termocoagulação tem uma eficácia hemostática semelhante à terapia de injeção endoscópica, e estas modalidades combinadas parecem ser superiores à técnica de termocoagulação sozinha. Portanto, recomendamos a aplicação de clipes metálicos ou o uso combinado de uma terapia de injeção endoscópica com um método de termocoagulação para o tratamento de pacientes com hemorragia digestiva alta por úlcera péptica