Impacto da dieta hiperlipídica e hipocalórica rica em ômega-3 na resposta clínica e no risco cardiometabólico de pacientes com depressão e obesidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Souza, Ismênia Marques de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-07012022-122626/
Resumo: Introdução: Depressão e obesidade são condições comuns e com implicações importantes para a Saúde Pública. Do ponto de vista fisiopatológico, elas estão interconectadas numa relação bidirecional. Frente a modesta eficácia do tratamento da depressão, sobretudo quando associada à obesidade, torna-se importante a investigação de tratamento adjuvantes. No contexto neurológico, as dietas hiperlipídicas (DH) têm mostrado eficácia na epilepsia refratária, com poucas evidências na depressão, entretanto os ácidos graxos poli-insaturados da série ômega-3 apresentam ação anti-inflamatória, cardioprotetora e, potencialmente antidepressiva, podendo exercer papel no manejo da depressão e obesidade. Objetivo: Avaliar o impacto de uma dieta hiperlipídica e hipocalórica rica em ômega-3 na resposta clínica e no risco cardiometabólico de pacientes com depressão e obesidade. Métodos: Ensaio clínico controlado, randomizado, paralelo, aberto e com duração de 6 semanas. Participantes de ambos os sexos, de 18 a 50 anos, com diagnóstico de depressão e obesidade foram distribuídos em três grupos: Grupo DH dieta hiperlipídica e hipocalórica e antidepressivo; Grupo DHW3 dieta hiperlipídica e hipocalórica rica em ômega-3 e antidepressivo e; Grupo Controle (DC) antidepressivo e padrão alimentar habitual. Os desfechos primários foram: avaliação antropométrica e de composição corporal, acompanhamento dos sintomas depressivos e ansiosos, e BDNF plasmático. Os desfechos secundários foram: marcadores bioquímicos (lipídicos, inflamatórios e oxidativos). Os testes estatísticos foram realizados no programa Statistical Package for the Social Sciences® versão 20.0. Resultados: Foram incluídos 8 pacientes no grupo DH, 7 no grupo DHW3 e 7 no grupo DC. Houve redução de peso média de 7% no grupo DHW3 (&Delta; = -7,7kg; p = 0,043). As DH e DHW3 promoveram redução do IMC ao longo do tempo (DH: &Delta; = -2,1kg/m2; p = 0,043; DHW3: &Delta; = -2,8kg/m2; p = 0,042), e também quando comparados ao grupo DC (DH: p = 0,007; DHW3: p < 0,001). Os três grupos reduziram os escores de depressão após seis semanas (DH: &Delta; = -20,4 pontos; p = 0,043; DHW3: &Delta; = -16 pontos; p = 0,043; DC: &Delta; = -11 pontos; p = 0,028). Somente o grupo DH atingiu melhor resposta clínica da depressão em relação aos DC (p = 0,015). Quanto à ansiedade, os grupos DH e DHW3 reduziram os sintomas ansiosos após seis semanas (DH: &Delta; = -19,9 pontos; p = 0,043; DHW3: &Delta; = -13,6 pontos; p = 0,043). Porém, somente o grupo DH teve melhor resposta clínica da ansiedade em relação ao grupo DC (p = 0,029). Não houve alteração de percentual de massa gorda e magra e no BDNF em nenhum grupo. Com exceção de pequenas mudanças em alguns marcadores hepáticos, lipídicos e de subfrações lipoproteicas, os parâmetros bioquímicos permaneceram inalterados. Conclusão: A DH promoveu eficácia clínica nos sintomas depressivos e ansiosos e na redução do IMC, sem agravar o risco cardiometabólico, quando administrada de forma aguda. A DHW3 não foi superior na melhora da depressão e nos marcadores cardiometabólicos.