Atenção primária em saúde & enfrentamento da violência infantil: saberes necessários à formação e qualificação profissional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Martins, Luciane Régio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-31082016-133759/
Resumo: Introdução: A violência infantil é um fenômeno de ampla expressão e complexidade que tem preocupado e desafiado pesquisadores, gestores, profissionais e equipes de saúde, e outros atores sociais para seu enfrentamento. Objetivo: Identificar os saberes necessários à formação e qualificação dos profissionais de saúde para o enfrentamento da violência contra a criança na Atenção Primária em Saúde (APS). Os objetivos específicos foram: conhecer a percepção dos profissionais acerca do enfrentamento da violência infantil; descrever os saberes necessários à formação e qualificação profissional para o enfrentamento da violência infantil na APS. Método: Estudo exploratório e descritivo de abordagem qualitativa. O referencial teórico e metodológico adotado foi a Teoria da Intervenção Práxica da Enfermagem em Saúde Coletiva (TIPESC), proposta por Egry (1996), cuja fundamentação teórica-filosófica provém do Materialismo Histórico e Dialético (MDH). A base empírica do estudo foram as entrevistas realizadas com profissionais da APS em dois distritos em Curitiba (Bairro Novo e Bela Vista); e, no distrito do Capão Redondo em São Paulo (SP). A amostra constitui-se de 41 entrevistas das quais 16 foram realizadas com profissionais de Curitiba e 25, com profissionais do Capão Redondo, SP. As entrevistas foram gravadas, transcritas, e submetidas ao software de análise WebQDA. Como fonte secundária foram utilizados sites dos municípios, e fontes de estatísticas de domínio público. Critérios de inclusão: tempo mínimo de 6 meses de atuação na APS e assistência às crianças ou famílias em situação de violência doméstica infantil. As categorias de análise elencadas para iluminar o fenômeno da violência infantil foram as dimensões dos saberes: saber-saber, saber-fazer, saber ser-ético-profissional. A partir da análise das entrevistas foram criadas sub-categorias empíricas para conformar os saberes necessários à formação e qualificação profissional na APS. Resultados: As sub-categorias empíricas que emergiram da percepção dos profissionais acerca do enfrentamento da violência infantil foram: Raízes da Violência; Sentimentos que Afloram; Natureza Complexa; e, Formação e Educação Permanente. Na dimensão do Saber-saber as sub-categorias que emergiram foram: Concepções sobre Família; Violência de Gênero; Violência Transgeracional; Concepções sobre a Violência Infantil; Tipologia da Violência Infantil; Sinais e Sintomas [da existência] da Violência; Formas do Enfrentamento da Violência; Raízes da Violência. Na dimensão do Saber-fazer as sub-categorias que emergiram foram: Acolher dentro dos Serviço; Notificar Suspeitas; Investigar a Violência no território; Realizar Busca Ativa no território; Reconhecer Sinais e Sintomas da Violência; Realizar Escuta Qualificada e Saber Conversar; Desenvolver Olhar Integral à Família; Registrar Atividades; Intermediar as Necessidades das Famílias; Saber Delegar; Reconhecer a Violência Infantil, Notificar e Interpretar as notificações; Enfrentar as Resistências; Preencher Corretamente a Ficha de Notificação; Construir Fluxos de Trabalho e Protocolos; Intervir para a proteção da Criança; Construir Vínculos com as Famílias; Realizar Visita Domiciliária Multiprofissional; Buscar Conhecimentos acerca do Enfrentamento da Violência Infantil; Construir Redes Intersetoriais; Orientar sobre Locais de Apoio para o Enfrentamento da violência infantil; Reconhecer a Dinâmica Familiar; Trabalhar na Perspectiva da Prevenção e Promoção da Saúde; Construir Projeto Terapêutico Singular. Na dimensão do Saber Ser-ético-profissional as sub-categorias que emergiram foram: Sensibilizar o Olhar para Enfrentar a Violência Infantil; Construir vínculos; Integralidade, Autonomia, Comprometimento e Corresponsabilidade; Ter uma Atitude Solidária; Exercício do Saber Ser-ético-profissional do Docente; Intervenção Moral e Racionalização; Ter uma Atitude Pró-enfrentamento; Responsabilização Sanitária. Conclusão: A APS como locus privilegiado para o enfrentamento da violência infantil não se encontra instrumentalizada para tal. No Brasil, os avanços no aparato legal para proteção da infância, ainda não resultaram na redução dos indicadores. A identificação dos saberes necessários para o enfrentamento do fenômeno contribui para que a formação e qualificação profissional ocorra de maneira efetiva, sistematizada, compartilhando saberes comuns.