O sincretismo passivo-reflexivo: um estudo translinguístico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Cyrino, João Paulo Lazzarini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-03122015-154055/
Resumo: Por sincretismo passivo-reflexivo pode-se compreender a ocorrência de uma mesma marca morfológica em construções reflexivas, passivas e anticausativas. O fenômeno, bastante comum entre as línguas, tem sido tratado pela Teoria Gerativa, principalmente, de duas formas diferentes: por um lado, diz-se que o sincretismo passivo-reflexivo é consequência de uma propriedade sintática em comum compartilhada pelos contextos de inserção e, por outro, que - na verdade - os contextos em que o morfema se insere compartilham de uma mesma representação semântica. Do que se tem visto, ambas as formas de abordar o fenômeno são problemáticas: as explicações que fornecem, além de apresentarem alguns problemas teóricos, não se aplicam a tantas línguas quanto o esperado. Essas abordagens também tem levado pouco em conta importantes observações da linguística comparativa, que vem lidando com fenômenos dessa natureza desde o final dos anos 60. Esta tese investiga o sincretismo em questão em um grupo abrangente de línguas e une suas observações com conclusões da tipologia linguística e teoria gerativa, buscando desvendar duas questões, fundamentalmente: (i) por que o fenômeno é tão comum entre as línguas e (ii) qual o estatuto da marca compartilhada. Essas perguntas puderam ser respondidas levando em conta contribuições clássicas da linguística como a primeira definição de verbos anticausativos (Nedjalkov & Silnickij, 1969) e o estudo dos tipos de alternâncias de valência. Por outro lado, o modelo da Morfologia Distribuída (Halle & Marantz, 1993), desenvolvimento recente da Teoria Gerativa, possibilitou uma abordagem mais transparente da relação entre morfologia e sintaxe, permitindo melhor compreensão dos ambientes estruturais em que ocorre o sincretismo. O fenômeno é considerado um caso de sobreaplicação de anáforas, no sentido de Heinat (2006), na estrutura sintática. Essa sobreaplicação só é possível dadas algumas condições, sendo a principal delas a dependência morfológica da marca sincrética. Essa dependência morfológica é derivada ou durante a derivação sintática, ou após a inserção de material fonológico, conforme prevê a Morfologia Distribuída. As diferentes distribuições que o sincretismo apresenta entre as línguas podem ser explicadas por propriedades sintáticas da língua, assim como pelo momento da derivação em que a anáfora torna-se morfologicamente dependente, o que também diferencia clíticos/pronomes fracos de afixos.