Uma abordagem sintática da estrutura interna dos particípios do português brasileiro: passivas e tempos compostos
Ano de defesa: | 2022 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
|
Departamento: |
Faculdade de Letras
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | https://doi.org/10.34019/ufjf/di/2022/00041 https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/14297 |
Resumo: | Este trabalho investiga a estrutura interna do particípio que compõe as sentenças passivas e os tempos compostos no português brasileiro. Em termos gerais, os particípios têm sido apontados na literatura como um fenômeno interessante para a análise linguística especialmente por não se caracterizarem como uma classe homogênea, sendo empregados em estruturas sintáticas de naturezas diversas. Assim, o recorte proposto neste trabalho se justifica pelo fato de que o particípio nas passivas e nos tempos compostos não se superficializa sozinho, sendo acompanhado necessariamente de um elemento de natureza verbal que o antecede. Esta pesquisa se desenvolve a partir de um viés sintático da formação de palavras, a Morfologia Distribuída (HALLE e MARANTZ, 1993; MARANTZ, 1997), doravante MD, que, desfazendo as fronteiras entre a formação de palavras e sentenças, licencia interações entre a estrutura interna do particípio e a sequência de núcleos funcionais que participam da estrutura. Assim, o ponto de partida da nossa proposta é a hipótese de que o particípio é formado a partir da concatenação de núcleos funcionais de natureza verbal e nominal que se organizam no interior da mesma estrutura sintática. Propomos, então, que o comportamento categorial heterogêneo do particípio é resultado da interação entre projeções funcionais compostas por traços verbais e nominais organizadas hierarquicamente pela sintaxe. Mais especificamente, propomos que a marca -d- dos particípios regulares é o expoente do núcleo de Particípio (Part) na estrutura sintática, que carrega, ao mesmo tempo, traços verbais e nominais, de forma semelhante à proposta de um núcleo Switch (PANAGIOTIDIS e GROHMANN, 2009; PANAGIOTIDIS, 2015). Mais especificamente, contendo traços categoriais mistos, essa projeção seleciona um complemento verbal, ao mesmo tempo em que licencia a entrada de núcleos nominais na estrutura, como os de gênero e número, por exemplo. Dessa forma, propomos que a camada Part é também responsável por interromper a projeção estendida do verbo. Na implementação da análise propomos que, nas passivas verbais, a entrada desse núcleo Part ocorre acima de Pass (BRUENING, 2014), que passiviza a estrutura, e este, por sua vez, seleciona um Voice não canônico, que desencadeia leitura agentiva, mas não a entrada de um argumento externo na estrutura. Nas passivas adjetivais, de maneira geral, propomos a entrada de um núcleo PassAdj, nos moldes de Bruening (2014), acima de Part, que, diferentemente de Pass, estativiza a estrutura. Nas passivas resultativas, a leitura de resultado é efetivamente desencadeada a partir do licenciamento do argumento interno inserido na estrutura via v. Nas estativas, por sua vez, tal argumento é licenciado no especificador do próprio PassAdj, de modo que a leitura denotada é a de um estado puro. Por fim, nos tempos compostos, a anexação de Part ocorre acima de um Voice canônico, nos termos de Kratzer (1996), interrompendo a sequência de camadas verbais somente após a inserção do argumento externo. Além disso, a interrupção da projeção estendida verbal por uma camada mista do tipo Part requer, para a derivação da sentença, a entrada de uma nova camada de natureza verbal, que será responsável pelo licenciamento da própria camada T, que abriga as informações de tempo da sentença. Daí a necessidade de que um elemento verbal seja inserido nessas estruturas para a efetiva continuação da derivação sintática. |