Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Hartmann, Anna Flávia Guimarães |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-07102022-115155/
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Resumo: |
A eficácia do tratamento para alcoolismo e adicção em substâncias químicas promovido pelos Alcoólicos Anônimos (AA) e pelos Narcóticos Anônimos (NA) ainda é um tema relativamente aberto no debate científico internacional anglo-americano e brasileiro voltado a mensurar quantitativamente essa mesma eficácia. Uma das principais dificuldades que aparecem na discussão é a mensuração da eficácia de um tratamento de base conceitual religiosa e de participação voluntária, que prevê que sua efetividade depende da \"crença\" dos participantes. Com o objetivo de enfrentar esta questão sociologicamente por uma via etnográfica, esta dissertação analisa etnograficamente as duas instituições e como o tratamento ali ocorre, com enfoque, de um lado, nas interações sociais que se dão nas chamadas salas de reunião das sedes institucionais de cada \"irmandade\" e, de outro, nas concepções que seus membros têm, ali e então, do tratamento. Nesse sentido, o pressuposto da investigação é de que há uma eficácia simbólica --lévi-straussiana-- no tratamento. Já a perspectiva metodológica se pauta nas regras de interação social vigentes no interior das salas de reunião durante os encontros terapêuticos entre os membros de cada uma das irmandades. Minha hipótese é de que tais padrões contribuem para as representações dos membros de cada irmandade sobre diferentes níveis de eficácia para as terapias propostas por cada uma das instituições. A fim de averiguar tal possibilidade, o objeto empírico desta dissertação reside tanto nas regras de interação dos membros nas salas de cada grupo no \"calor da hora\" de cada reunião quanto em como os membros de cada instituição concebem a eficácia (maior ou menor) do tratamento nesse mesmo calor da hora de suas interações sociais ali e então. Isso implica levar analiticamente em conta também, mediante pesquisa documental, os estoques de conhecimento de senso comum que chegam às salas de reunião por meio dos livros e folhetos sobre o seu suposto valor terapêutico que por ali circulam física e simbolicamente durante as reuniões. Assim, a partir de dados de trabalho etnográfico realizado comparativamente entre junho de 2016 e fevereiro de 2020 nas sedes dos grupos autodenominados AA-Campos Elíseos e NA-Santa Cecília, que são vizinhas de porta uma da outra, localizam-se ambas no distrito paulistano central de Santa Cecília, e cujos membros então tinham perfis biográficos e sociais parecidos entre 2016 e 2020, identifico regras de interação verbais e não verbais vigentes nas reuniões com a ajuda da reflexão goffmaniana sobre a interação social, relacionando-as com o estoque schütziano de conhecimento de senso comum propagado pelos AA e NA através de seus livros e folhetos. A conclusão que chego é que os membros dessas instituições associam a eficácia do tratamento para alcoolismo e adicção oferecido por essas instituições com certas regras de interação vigentes nas reuniões --pontualidade, manutenção de contato visual durante as reuniões, respeito ao tempo de fala proposto, narração de histórias pessoais de superação, falas com um sentido lógico discernível, se manter fisicamente no espaço das salas durante as reuniões-- e em suas falas relacionam essas regras com valores difundidos pelas irmandades, através de seus livros e folhetos, de valorização da figura do indivíduo e da responsabilidade individual. Ademais, chamo atenção à importância que os membros dessas instituições dão ao que chamam de \"amizades\" ao justificar sua frequência às salas e adesão ao tratamento. |