Mobilidade e trabalho dos agricultores de baixa renda do Vale do Ribeira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1981
Autor(a) principal: Jacomini, Wilson
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11145/tde-20210918-211910/
Resumo: Os benefícios do desenvolvimento -socioeconômico no Brasil não têm alcançado algumas de suas áreas rurais pobres. A presente pesquisa analisa os problemas da mobilidade e trabalho dos agricultores numa dessas áreas. A população estudada foi escolhida ao acaso através dos cadastros de proprietários do INCRA, -seus dados foram coletados entre 1973 e 1977 e em função deles definimos as seguintes categorias de agricultores e sua respectiva hierarquia de prestigio: 1) proprietários, 2) arrendatários, 3) parceiros, 4) assalariados fixos e 5) assalariados eventuais. A mobilidade estudada. refere-se as mudanças dos agricultores através dessas categorias. 0s estudos sobre a mobilidade demonstram que os filhos tendem a permanecer nas mesmas categorias socioeconômicas de seus pais. Foi isto também o que verificamos considerando apenas três categorias de agricultores, ou sejam: 1) proprietários, 2) arrendatários e parceiros e 3) assalariados fixos e eventuais. Vimos que há associação positiva e significante entre essas categorias pois, em todas elas o número de agricultores que permaneceram na mesma categoria de seus pais foi sempre maior que o dos que mudaram. Entretanto esta associação demonstrou ser relativamente fraca e as categorias consideradas são excessivamente amplas pois podem estar escondendo a mobilidade que dentro delas ocorre. Consideramos então as cinco categorias que inicialmente fotão definidas e, no mesmo nível de -significância, verificamos que não mais havia a associação anteriormente encontrada: apenas 32,0% dos agricultores permaneceram na mesma categoria de seus pais, 19,1% mudaram para categorias superiores e 48,9% para categorias inferiores. 0s custos da mobilidade -são mais elevados quando ela é descontínua e os casos mais extremos dessa mobilidade foram os dos filhos dos proprietários pois, 17,3% deles tornaram-se assalariados eventuais. A mobilidade parcialmente bloqueada também é bastante significativa entre os agricultores estudados pois, por exemplo, dentre os que iniciaram suas carreiras como filhos de assalariados eventuais, 24% conseguiram torna-se assalariados fixos e 20,0% subiram apenas até as categorias de parceiros e arrendatários. Também a mobilidade não institucionalizada é muito comum na população estudada e tem introduzido muita desorganização em sua estrutura ocupacional. A tecnologia agrícola moderna e as aplicações das novas leis sobre os trabalhadores rurais, têm provocado muitas mudanças na região. Isto tem aumentado a mobilidade dos agricultores, pois esta é um meio deles se adaptarem às mudanças que ocorrem. Assim muitas mudanças também são introduzidas nas categorias da estrutura ocupacional. Por exemplo, a categoria dos proprietários reduzida pela metade (de 56,5% pana 28,3% do total) e as demais aumentaram bastante na estrutura. relativa aos agricultores, quando comparados com as categorias da estrutura relativa. a seus pais. As pessoas são mais estimuladas à mobilidade quando veem suas ocupações como um meio obterem sucesso. Entre os agricultores de baixa renda, entretanto, dificilmente isto ocorre pois, para eles geralmente as ocupações representam apenas um meio de sobrevivência. Por isso vimos, por exemplo, que. 32,0% dos agricultores estudados estão imobilizados no fundo da estrutura ocupacional e têm se transformado em paupérrimos. Seu pauperismo tem muito que ver com sua imobilidade, pois é consequência de. se terem fechado para eles os canais da mobilidade que levaria para fora de uma categoria pobre. São eles principalmente que vivem os dramas da pobreza no campo.