A iminência da subordinação aos Estados Unidos: a afirmação do Brasil como periferia do capitalismo na exposição universal de Chicago

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Assis, Raimundo Jucier Sousa de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-08052017-121250/
Resumo: Considerando as exposições universais como espetáculos produtores de vitrines da geopolítica do capitalismo, elaboradas com o intuito de comparar os centros e as periferias do mercado mundial, a presente investigação compõe uma análise sobre as informações gratuitas oferecidas pelo Brasil no contexto da aproximação geopolítica com os Estados Unidos na transição do século XIX para o século XX. Organizamos nossa pesquisa a partir de fontes documentais que se referem a produção de livros, de catálogos e de relatórios escritos, bem como, das amostras dos produtos da natureza e da agricultura que foram selecionadas, inventariadas e dispostas para serem juntamente apresentadas na exposição universal de Chicago. Os textos e amostras sobre o território do Brasil ocultavam um encontro de processos históricos entre centro e periferia: por um lado, os Estados Unidos buscavam operacionalizar o pan-americanismo da Doutrina Monroe, definindo a América Latina como sua área de influência, seu espaço novo no presente e para o futuro de seus domínios, naquela era de neocolonialismo das grandes potências; por outro lado, as frações de classes dominantes e os representantes de oligarquias no Brasil no início da República emitiam, por meio de textos e propagandas em tom científico, as seguranças para a reprodução do capitalismo no Brasil, a partir da demonstração de que se tinha o controle da propriedade, os extensos espaços virgens ainda existentes para serem explorados, produtos primários para exportação e capacidade para importar os excedentes de capital e de trabalho. Além do mais, esses documentos permitiam que partes do território do Brasil pudessem ser estudadas e arquivadas por aqueles que tivessem acesso a essa produção intelectual, documentos que demarcavam com precisão as riquezas naturais e as potências da exploração da natureza para mineração, monocultura ou mesmo para investimentos no desenvolvimento de infraestrutura de transporte, como as ferrovias. Afinal, mesmo que a apresentação de qualquer Estado moderno na exposição universal de Chicago não permitisse ser reduzida a intenções bilaterais, o escoamento de grande parte da produção do café e do açúcar para os Estados Unidos, a criação de uma Constituição brasileira com aportes políticos e jurídicos americanos, a disposição e intervenção dos Estados Unidos na Revolta da Armada e um início de acordo comercial travado entre os dois Estados, salvando a balança comercial brasileira no início da década de 1890, permitem que entendamos o envio da elaboração intelectual sobre os produtos primários como parcela dos estoques de ideias e de fontes atrativas que ocultavam prenúncios da subordinação do território do Brasil aos possuidores de capital e aos representantes políticos do imperialismo americano.