Anhaia Mello e a \"Escola de Chicago\": apropriações, transposições e interpretações.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Rocha, Tadeu Lara Baltar da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-26042021-111724/
Resumo: Esta dissertação analisa a apropriação, a transposição e a interpretação de conteúdos relacionados com a \"Escola de Chicago\" de Sociologia por Anhaia Mello entre 1926 e 1957, período em que ele foi uma das principais autoridades do campo do Urbanismo que ainda se estruturava Anhaia Mello tinha contato desde a década de 1920 com os textos que caracterizam a \"Escola de Chicago\", rótulo que tem lugar de destaque, como um fundador, no imaginário dos estudos urbanos, mas seus temas e conceitos só são identificados de forma clara na produção do urbanista a partir da década de 1940. Para entender o significado disso, discute-se o que foi e o que é a \"Escola de Chicago\". Analisa-se, então, o conjunto de proposições do \"programa de pesquisa\" elaborado por Robert Park e Ernest Burgess que orientou as atividades que se destacaram no Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago no começo do Século XX. Destaca-se, a partir daí, especificamente, que a \"Escola de Chicago\", por meio de uma abordagem engajada com a realidade urbana, oferecia uma visão \"compreensiva\" e otimista sobre as grandes cidades norte-americanas. Em seguida, analisa-se o discurso de Anhaia Mello a partir de sua produção escrita, identificando permanências e descontinuidades quanto à apresentação de leituras sociais ao longo de sua trajetória. O pouco destaque atribuído à \"Escola de Chicago\" entre as décadas de 1920 e 30 coincidia com a vinculação de um discurso representado pela imagem da \"Árvore do Urbanismo\", que pretendia situar o Urbanismo como um conhecimento técnico-administrativo neutro, que poderia ser desconectado dos embates políticos. Nas décadas seguintes, quando passa a defender que o Urbanismo deveria pensar-se regional e buscar a desconcentração por meio da limitação do crescimento, questões políticas e análises sociais ficam claras nos artigos e conferências de Anhaia Mello. Configurava-se, assim, uma oposição a ideias estabelecidos na política e na gestão urbana paulistana. Nesse período, temas e conceitos da \"Escola de Chicago\" são empregados com frequência pelo urbanista e configuram, junto às leituras de Lewis Mumford e da Regional Planning Association of America, uma visão predominantemente pessimista sobre o desenvolvimento metropolitano. Por fim, identificam-se desconexões entre o emprego dos mesmos conceitos e temas no programa de pesquisa da \"Escola de Chicago\" e nos escritos de Anhaia Mello. Por um lado, verifica-se o deslocamento dos conceitos de Park e Burgess para caracterizar a cidade como um locus de anomia e destruição das relações primárias. Por outro, nota-se que a \"politização\" do espaço no discurso de Anhaia Mello nas décadas de 1940 e 1950 omite as questões da cidade que estava em seu entorno, e as substitui pelo modelo sugerido pelos textos da \"Escola de Chicago\". Baseados em uma abordagem empírica e especulativa de análise das cidades norte-americanas, tornam-se para esse Urbanismo leis do funcionamento de todas as cidades. Assim, o discurso \"apolítico\" das décadas de 1920 e 1930 dá lugar a um discurso que substituía a problemática local por uma idealização apropriada de outro lugar.