Possíveis impasses e desdobramentos clínicos da teoria da cultura de Sigmund Freud

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Prado, Carolina Escobar de Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-19102020-164547/
Resumo: Esta dissertação insere-se no campo da Psicologia Clínica. Como tema de pesquisa, elegeu-se a teoria da cultura de Sigmund Freud, visando contribuir com a comunidade analítica e científica com os possíveis impasses da clínica psicanalítica. Por meio de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, percorreremos os textos freudianos respeitando a cronologia das publicações até 1930, visando investigar quando e de que forma a teoria da cultura é estabelecida, assim como quais são os desdobramentos teórico-clínicos de sua presença. Quando Freud inclui os movimentos e manifestações da cultura como um dos pilares do desenvolvimento de seu pensamento, nos afasta da possibilidade de redução da Psicanálise a uma especialidade terapêutica, e de seu método de investigação a uma técnica aplicável em caráter universal e atemporal. O percurso realizado permite o recolhimento de que nem sempre a cultura fez parte do arcabouço teórico da Psicanálise, ainda que seu caráter proibitivo tenha sempre sido considerado. Por conta disso, o encontro entre pulsão e cultura sempre se dá a partir da lógica do conflito; porém, nem sempre do mesmo jeito ou a partir de um mesmo ponto de contato. Além disso, fica evidente que a cultura não pode ser tomada como sinônimo de proibição, já que ao mesmo tempo em que restringe, também exerce as importantes funções de mediação dos laços entre os humanos, de manutenção da vida e, também, de criação de um campo de possibilidades para a satisfação pulsional. A todo momento nos depararemos com a máxima de que teoria e clínica não podem ser vistas, pensadas e operadas de forma desarticulada. Diante disso, propusemos uma chave de leitura que considera três dimensões a serem consideradas na clínica psicanalítica: a do particular, ligada à dimensão sócio-político-cultural; a do universal, ligada ao pressuposto de que podemos encontrar a presença das pulsões em todos os humanos; e a do singular, ligada à solução que cada um encontra para dar destino às suas pulsões nas particularidades onde está inserido. Dito isso, em sua dimensão antropológica a teoria da cultura psicanalítica estaria como pano de fundo a todos aqueles que se submetem às proibições da cultura. Esta leitura permite que as categorias social e individual não sejam pensadas em oposição, pois frente à proibição que impede a todos o acesso à experiência de satisfação plena, temos a cultura, que assegura o pacto social e, para isso, impõe restrições, mas que também possibilita a criação de vivências fraternas e de cuidado, rituais de compartilhamento e de criação de laços e formas de expressão coletivas. Há, ao mesmo tempo, a criação de um lugar psíquico e social