Dançando com o Minotauro nas noites: narração de estórias e formação humana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Rubira, Fabiana de Pontes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-25052015-111218/
Resumo: Desde tempos imemoriais, a milenar arte de contar e ouvir estórias está estreitamente relacionada com a formação de seres humanos. Narrar é uma ação própria do humano, incluindo-se nesse ato não só a narrativa de fatos vividos, mas sobretudo daqueles que são experimentados no âmbito do imaginário, fonte mitológica, portanto primordial, que nos supre dos símbolos essenciais necessários para a nossa existência no mundo. A partir de vivências narrativas proporcionadas aos frequentadores do Lab_Arte da FEUSP, em sua maioria alunos do curso de Pedagogia e de Licenciatura da Universidade de São Paulo, no núcleo de Narração de Estórias, através da investigação poética de seus processos simbólicos e de seus itinerários formativos, pôde-se perceber a importância de se cuidar da formação humana desses futuros docentes. Uma formação que transcende as barreiras escolares e que se dá para além das questões tecnicistas e operacionais que, em geral, servem como base única para os costumeiros cursos formativos de professores. Desde uma perspectiva hermenêutica e fenomenológica, as reflexões suscitadas pelas vivências no laboratório conduziram a pesquisadora desse trabalho ao mito fundador da pessoa contadora de estórias, que encontra sua expressão mais significativa na figura da sultana Sherazade, do livro das Mil e uma Noites, mas que perpassa o mito de Ariadne, a Senhora dos Labirintos, que por sua vez atualiza o mito sumério de Inanna, a senhora dos céus e dos ínferos. Narrando à beira do precipício, a Senhora da Vida convida o Senhor da Morte para uma contradança labiríntica, de cujo fim inexorável ninguém escapa. As estórias de tradição oral como fios que nos conectam aos nossos ancestrais e a todos que virão depois de nós, como palavra viva que prevalece sobre o narrador, nos despertam para um aprendizado que aponta para a necessidade de uma realização pessoal que se situa sempre dentro de uma existência coletiva comum e, como gesticuladores culturais, os professores acabam por entender que no banquete dos saberes tradicionais a única forma de saciar nossa fome e apaziguar nossa sede de conhecer é alimentando-nos e oferecendo-nos água fresca uns aos outros. Assim, acreditando que arte de narrar estórias é, sobretudo, a arte do encontro e do diálogo, foram os encontros e os diálogos dessa pesquisadora, professora e narradora de estórias, com as estórias e com seus alunos ouvintes-narradores, bem como seus diálogos com teóricos e pesquisadores como Georges Gusdorf, Joseph Campbell, Mircea Eliade, Chris Downing, Amadou Hampâté Bá e Marcos Ferreira-Santos , que nortearam essa pesquisa que, dessa forma, resultou numa complexa constelação simbólica de sentidos e significados, como exige o foco de uma investigação poética.