Avaliação morfológica e funcional da retina de pacientes com doença de Parkinson usando a tomografia de coerência óptica e o eletrorretinograma

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Mello, Luiz Guilherme Marchesi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5149/tde-26092023-115341/
Resumo: INTRODUÇÃO: A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente no mundo, sendo conhecida pelas suas clássicas manifestações clínicas motoras. Contudo, sinais e sintomas não-motores podem estar presentes antes mesmo do diagnóstico da doença, em especial os oftalmológicos. Sabe-se que há acúmulo de agregados de alfa-sinucleína fosforilada, níveis reduzidos de dopamina e alterações celulares na retina de indivíduos portadores da doença de Parkinson. Dessa maneira, o entendimento das alterações oftalmológicas nesta doença poderia contribuir para um diagnóstico mais precoce, melhor manejo clínico e desenvolvimento de novas terapias. Dessa forma, o presente estudo pretende avaliar as características morfológicas e funcionais da retina, coroide e vasculatura retiniana de indivíduos com a doença de Parkinson por meio da tomografia de coerência óptica (OCT), OCT com profundidade de imagem aprimorada (OCT-EDI), angiografia por OCT (OCTA), sensibilidade visual ao contraste (CVS) e eletrorretinograma de campo total (ERGct) fotópico com avaliação da resposta fotópica negativa (PhNR), comparando-os com controles normais. MÉTODOS: Dois estudos compõem esta tese. No primeiro, 38 olhos de 19 participantes com a doença de Parkinson (grupo PD) e 40 olhos de 20 controles saudáveis (grupo CT) foram submetidos à OCT. Foram medidas as espessuras da camada de fibras nervosas da retina peripapilar (pRNFL), da retina macular com segmentação das camadas e da coroide da região macular. Além disso, foi realizada uma subanálise do grupo PD de acordo com o uso ou não de pramipexol. No segundo estudo, 41 olhos de 21 participantes com a doença de Parkinson (grupo PD) e 38 olhos de 19 indivíduos saudáveis (grupo CT) foram submetidos aos exames de: OCT, OCT-EDI, OCTA, CVS e ERGct fotópico com avaliação da PhNR. Foram medidos os valores da CVS monocular e binocular, as espessuras da pRNFL, das camadas da região macular e da coroide peripapilar e macular, a densidade vascular macular e peripapilar e a amplitude e o tempo implícito dos potenciais oscilatórios (PO), resposta fotópica, flicker 30 Hz e PhNR. RESULTADOS: No primeiro estudo, observamos no grupo PD valores significativamente menores (p 0,01) que o grupo CT nas medidas da espessura foveal total (251,15 ± 21,74 vs 273,06 ± 15,70), da camada de fibras nervosas da retina macular (mRNFL; 34,46 ± 4,84 vs 37,56 ± 3,61), da camada de células ganglionares somada com a camada plexiforme interna (GCL+; 33,84 ± 6,54 vs 42,25 ± 6,80), do complexo de células ganglionares (GCL++; 37,57 ± 7,42 vs 44,59 ± 8,00) e da retina interna (64,79 ± 14,17 vs 76,37 ± 12,43) e externa (171,96 ± 12,62 vs 181,44 ± 9,75). Os indivíduos que fizeram uso de pramipexol apresentavam maior espessura da mRNFL, GCL++, retina interna e externa do que os que não fizeram uso. No segundo estudo, não foi observada diferença estatisticamente significante das medidas à OCT entre os grupos PD e CT, ao passo que o grupo PD apresentou valores significativamente menores (p < 0,05) que o grupo CT da densidade vascular no plexo e complexo macular profundo à OCTA (respectivamente, 18,3 ± 4,3 vs 20,9 ± 4,2 e 18,1 ± 4,6 vs 22,7 ± 6,2), da CVS monocular (1,68 ± 0,12 vs 1,82 ± 0,1) e binocular (1,81 ± 0,1 vs 1,92 ± 0,08) e da amplitude dos PO (média dos PO de 26,4 ± 8,4 vs 32,0 ± 7,0), da onda b do ERGct fotópico (152,3 ± 45,4 vs 187,1 ± 32,7) e da PhNR (135,0 ± 35,0 vs 156,3 ± 34,1). CONCLUSÕES: A doença de Parkinson pode cursar com alterações estruturais à OCT e OCTA. A segmentação da retina à OCT revela uma predileção pelo afinamento de setores mais internos da retina interna, em especial da mRNFL e GCL+. O pramipexol parece influenciar a análise morfológica retiniana, podendo reduzir a neurodegeneração. Além disso, há redução da densidade vascular retiniana à OCTA, especialmente no plexo capilar profundo e no complexo vascular profundo, podendo estas alterações estarem presentes mesmo quando as medidas da OCT não diferem estatisticamente de olhos saudáveis. Contudo, é importante ressaltar que as alterações oftalmológicas funcionais (CVS, ERGct fotópico e PhNR) podem ser detectadas em indivíduos com a doença de Parkinson mesmo quando não se observam alterações estruturais à OCT, auxiliando na diferenciação de indivíduos com e sem a doença. Nossos achados reforçam a hipótese do envolvimento das células bipolares, amácrinas e ganglionares na fisiopatologia das alterações retinianas na doença de Parkinson, com uma provável disfunção celular precedendo as alterações morfológicas vistas à OCT