Infância(s) no neoliberalismo: perspectivas sobre o brincar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Nolasco, Ligia Rufine
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-17022021-151236/
Resumo: Essa pesquisa tem como interesse investigar os efeitos do neoliberalismo sobre os ideais de infância e o brincar. O interesse por esse estudo surgiu a partir de inquietações que os trabalhos com crianças e adolescentes suscitaram, nos quais percebeu-se a grande valorização dada a determinados brinquedos e aos jogos eletrônicos em que o brincar e o brinquedo eram tomados como sinônimos, sem estranhamento. Atrelado a isso, a presença marcante de discursos voltados ao consumo de objetos e de ideais de vida com ênfase no sucesso e no dinheiro entre as crianças, trouxe novas indagações. Diante desse cenário e de algumas cenas de grande valorização desses produtos, nas quais muitas vezes as crianças pareciam espectadoras diante dos brinquedos ou das telas, passou-se a indagar sobre o brincar na contemporaneidade e a necessidade de problematizar essa questão. Nesse sentido, dada a complexidade que envolve o tema, buscou-se compreender o contexto em que esse brincar se insere, a partir dos ideais de infância presentes atualmente e de um olhar atento ao discurso do neoliberalismo. Dessa forma, esse trabalho retomou a perspectiva da infância como uma construção social, procurando indagar como o ideal de infância feliz contemporâneo se relaciona com os valores neoliberais presentes em nossa sociedade, trazendo consequências na relação que as crianças passam a ter com o mundo que as cerca, e com a própria experiência do que vem a ser infância. Considerando as realidades distintas em que as crianças estão colocadas, seja pelas marcas das desigualdades nas sociedades ou das diferenças culturais, passou-se a problematizar a concepção de infância como um período de felicidade, sob a proteção dos adultos, único, difundido nos dias atuais. Assim, partindo dessa perspectiva histórica, a partir da qual as crianças respondem, retomou-se a importância de refletir acerca do discurso do neoliberalismo, entendendo que os sujeitos partilham dos valores de uma época. Época essa, marcada pelo egoísmo, pela competição e pelo consumismo. Diante desse contexto, ecoaram algumas perguntas que esse estudo buscou refletir: Quais as condições no contexto neoliberal para que o brincar aconteça? A presença maciça dos brinquedos e das telas impede o brincar, podendo trazer consequências à constituição subjetiva das crianças? Para tanto, esse trabalho retomou a importância do brincar na Psicanálise, assim como discussões sobre o uso dos brinquedos e da tecnologia nos dias atuais, para refletir sobre essas questões. A partir do desenvolvimento dessa pesquisa percebeuse que embora o brincar seja compreendido na Psicanálise pela possibilidade de subversão e de invenção, o discurso neoliberal tem produzido efeitos com o crescente incentivo ao consumo de brinquedos e com o uso dado às novas tecnologias. Pôde-se observar ainda que a primazia da criança frente ao saber do adulto, fomentada na contemporaneidade, pode colocá-la ainda mais vulnerável aos discursos do mercado, fato este que precisa ser problematizado. Esse estudo, a partir da perspectiva teórica e metodológica da Psicanálise, e em diálogo com as teorias sociais, procura trazer novas reflexões acerca do tema, sabendo se tratar de um saber incompleto, não todo, em construção