Reconstituição paleoambiental das enseadas do Flamengo e da Fortaleza, Ubatuba, S.P., durante o Holoceno, inferida a partir da variação das associações de foraminíferos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Silva, Juliana Braga
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44139/tde-15082008-153447/
Resumo: A partir do padrão de distribuição das associações de foraminíferos ao longo de dois testemunhos e da sua correlação com características abióticas do sedimento, detectaram-se variações ambientais holocênicas ocorridas em dois embaiamentos marinhos rasos: as enseadas do Flamengo (Testemunho UB1) e da Fortaleza (Testemunho UB3), em Ubatuba, SP. Posteriormente, correlações foram estabelecidas entre as mudanças da composição faunística e curvas de variação do nível do mar existentes na literatura. O testemunho UB1 possui 222 cm de profundidade e foi coletado no Saco da Ribeira sob lâmina de água de 3,10 m. É constituído predominantemente por sedimentos sílticos que contêm fragmentos vegetais e biodetríticos. Camadas arenosas são encontradas em sua base, datada em 7290 + 40 anos A.P., e à profundidade compreendida entre 32 e 12 cm. O testemunho UB3 tem 342 cm de profundidade e foi coletado na Praia do Lázaro sob lâmina de água de 3,80 m. Seus sedimentos são predominantemente sílticos, contendo fragmentos vegetais, fragmentos vegetais oxidados e fragmentos biodetríticos. Seqüências arenosas e arenosiltosas são encontradas em sua base, datada em 7.530 + 40 anos A.P., e entre 32 e 12 cm de profundidade. Foram identificados 76 espécies e 40 gêneros de foraminíferos bentônicos e uma espécie de foraminífero planctônico nas 58 amostras analisadas, a cada 10 cm, ao longo dos dois testemunhos (23 amostras em UB1 e 35 em UB3). As associações observadas são típicas de ambiente marinho normal, de plataforma interna, com tendência redutora. Foraminíferos de testas hialinas predominam sobre foraminíferos de testas porcelanosas. Somente uma espécie de testa aglutinante foi encontrada em cinco amostras dispersas ao longo do testemunho UB3. As espécies bioindicadoras indicam ambientes com predominância da massa de Água Costeira, com energia de fundo moderada, alta acumulação de matéria orgânica e baixas concentrações de oxigênio, tanto para a Praia do Lázaro quanto para o Saco da Ribeira, nos últimos 7.500 anos A.P. Evidenciam, também, que a circulação de fundo no Saco da Ribeira se tornou cada vez mais restrita, enquanto na Praia do Lázaro a circulação hidrodinâmica não sofreu forte alteração. Os dados tafonômicos indicam que não houve processos post mortem capazes de alterar por completo as associações de foraminíferos analisadas ao longo de ambos os testemunhos. Todas as evidências microfaunísticas sugerem que houve, pelo menos, duas fases distintas de comportamento marinho para as duas enseadas ao longo dos últimos 7.500 anos A.P.: uma primeira, transgressiva, que teria durado até a, aproximadamente, 5.100 anos A.P., durante a qual as enseadas se encontravam conectadas; e outra de caráter geral regressivo, que se estendeu até a, pelo menos, 32 cm de profundidade em ambos os testemunhos, durante a qual teria surgido o Tômbolo do Saco da Ribeira, que passou a impedir a circulação entre a Praia do Lázaro e o Saco da Ribeira.