Fala sincronizada e expectativa semântica: um estudo sobre a interação entre a produção da fala e o nível semântico da linguagem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Siqueira, Verônica Penteado
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-01062021-175448/
Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir os resultados de um experimento de fala sincronizada em interação com o nível semântico da linguagem, analisados à luz do paradigma dinâmico da cognição (ver, por exemplo, BROWMAN; GOLDSTEIN, 1992; KELSO, 1995; LARSEN-FREEMAN; CAMERON, 2008; PORT; VAN GELDER, 1995). Esta pesquisa propõe a seguinte problemática a respeito da sincronização da fala: é possível que a produção da fala, observada a partir da tarefa de sincronização da fala, sofra interferência do nível semântico, observada a partir da quebra de expectativa semântica? Considera-se a fala sincronizada um tipo de fala produzida em condições experimentais, em que dois participantes leem o mesmo texto ao mesmo tempo (CUMMINS, 2018). O termo \"quebra de expectativa semântica\" refere-se a um fenômeno em que os falantes criam uma expectativa a respeito do que virá no texto, com base no contexto criado e no significado das palavras empregadas anteriormente (KUTAS; HILLYARD, 1980; FRANÇA, 2002). O experimento envolve a leitura sincronizada de textos, em duas condições: original (TO), em que não há quebra de expectativa semântica, e alterada (TA), em que há quebra de expectativa semântica. Nossa hipótese é de que há diferença entre as condições, em função da interação entre a produção da fala e o nível semântico da linguagem. A expectativa é que os falantes apresentem tempos de assincronia maiores na condição alterada (TA), o que seria provocado pela quebra de expectativa semântica. Por meio de análise estatística predominantemente descritiva, bem como análises qualitativas da leitura sincronizada, os resultados indicam algumas tendências entre os dados: distribuições assimétricas, maior dispersão entre os dados da condição alterada (TA) e ocorrência de outliers, em especial na condição alterada (TA). Além disso, uma análise dos outliers e da duração da assincronia em janelas temporais específicas ao longo da leitura indica que os falantes variam entre momentos de maior e menor sincronia. Essa variação pode ser mais irregular ou instável na condição alterada (TA). Lags de duração maior ocorrem com maior frequência após pausas em início de sentença ou em outras fronteiras prosódicas, e após erros de leitura, como chamamos a omissão, troca ou acréscimo de um segmento. Portanto, os resultados sugerem que a quebra de expectativa semântica, embora não afete a média da duração da assincronia entre os falantes, influencia a variância dessa duração de assincronia e a estabilidade da sincronização. Tais observações nos levam à interpretação de que há mecanismos de sincronização e dessincronização entre os falantes, que podem ocorrer de forma mais ou menos regular. Um fenômeno como a quebra de expectativa semântica, que provoca uma disrupção da leitura sincronizada, pode influenciar a velocidade e trajetória desse movimento oscilatório.