A percepção da emoção na fala por nativos e não nativos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Peres, Daniel Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-03022017-123015/
Resumo: Esta pesquisa de doutorado tem como intuito investigar a percepção da emoção na fala por nativos e não nativos (falantes nativos do português brasileiro PB, e falantes de língua inglesa sem conhecimento do PB). Esta tese orienta-se pela visão evolucionista (DARWIN,1965 [1872]; PLUTCHIK, 1980, 1984; COSMIDES; TOOBY, 2000), que defende a universalidade das emoções; e pela visão social das emoções (AVERILL, 1980, 1993; HARRÉ, 1986; RUSSELL, 1991), que defende as emoções como produto das interações sociais. Para a análise, foram desenvolvidos 3 experimentos de percepção de fala envolvendo 4 emoções básicas: raiva, medo, tristeza e alegria. O primeiro experimento (piloto) foi baseado na abordagem com emoções básicas e escolha forçada; o segundo na abordagem dimensional das emoções (valência, ativação e dominância); e o terceiro na metodologia thin slicing. Ao todo, 110 informantes participaram dos experimentos, sendo 8 no experimento piloto, 36 no experimento com abordagem dimensional (julgando fala normal e fala delexicalizada) e 76 no experimento com thin slices. Nos dois primeiros experimentos, foram utilizados 32 trechos de fala emotiva espontânea do português brasileiro (PB). No experimento com thin slices, foram selecionados 48 trechos curtos de fala emotiva (PB) com duração de até 1400ms. Os julgamentos dos participantes foram cotejados com os parâmetros acústicos provenientes da análise automática (ExProsodia) e com parâmetros acústicos relacionados à qualidade de voz. Os resultados dos dois primeiros experimentos foram significativos e demonstraram que, de maneira geral, os participantes nativos e não nativos foram capazes de julgar com êxito as emoções. Entretanto, os participantes não nativos não apresentaram resultado significativo no experimento com abordagem dimensional e fala delexicalizada. De acordo com a análise dos dados do experimento com thin slices, ao contrário do que foi encontrado no experimento com abordagem dimensional (fala delexicalizada), não houve diferença significativa entre o desempenho dos nativos e dos não nativos. Embora os achados deste trabalho corroborem uma visão universalista das emoções, eles também dão pistas de que há uma vantagem intragrupo, ou seja, de que os nativos possuem uma habilidade maior em reconhecer as emoções do que os não nativos. Com base nos resultados dos experimentos com limitação de informação dos estímulos (fala delexicalizada e thin slices), a hipótese é a de que a percepção da emoção está sujeita à redundância de informação contida na fala. Dessa forma, a percepção da emoção na fala é possível mesmo com a escassez de informação do sinal acústico.