Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Santos, Gabriella Neves Leal |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-10072023-173054/
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Resumo: |
A conversão de habitats naturais em usos antrópicos da terra é considerada uma das principais causas da perda de espécies. No entanto, seus efeitos sobre a diversidade de serpentes ainda são pouco conhecidos, inclusive em ecossistemas megadiversos, como as florestas tropicais. Nesta tese buscamos entender como os distintos componentes da diversidade (i.e., diversidade de espécies, funcional e filogenética) de serpentes respondem à conversão de habitats, considerando tanto os efeitos de processos locais como no nível da paisagem. Investigamos também como a paisagem seleciona distintamente as espécies de serpentes por seus traços e quais são os traços selecionados, bem como as implicações dessa seleção para o funcionamento e a resiliência dos ecossistemas estudados. Para isso, coletamos dados de comunidades de serpentes em uma área fragmentada de Mata Atlântica composta por diferentes usos da terra (silvicultura e pasto). Identificamos que a perda de cobertura florestal leva a perda de todos os aspectos da diversidade de serpentes, porém em diferentes escalas espaciais. A diversidade de espécies aumentou com a proporção de floresta e o nível de fragmentação da paisagem, enquanto a diversidade funcional aumentou com a quantidade de floresta na paisagem. Da mesma forma, a diversidade filogenética aumentou com a proporção de floresta e, inesperadamente, também aumentou com a proporção de silvicultura em escala local, indicando que espécies de serpentes com restrição de movimento e/ou especialistas no uso do habitat podem ser evolutivamente distantes. Logo, estratégias de conservação devem considerar múltiplas escalas espaciais para conservar distintos componentes da diversidade de serpentes. Além disso, também identificamos que a configuração espacial do habitat e o tipo de uso da terra são os principais fatores influenciando a distribuição dos traços funcionais de serpentes nas paisagens estudadas. A distância entre as manchas de fragmentos florestais selecionou distintamente as espécies de serpentes com base em seu tamanho corporal e no grau de especialização de dieta, enquanto o tipo de uso da terra selecionou as espécies por seu modo de forrageio. Essa organização das comunidades de serpentes mediada pela paisagem resultou em potencial perda de funcionamento e resiliência dos ecossistemas associados a comunidades dominadas por espécies generalistas. Porque os traços funcionais selecionados (i.e., tamanho corporal, dieta e modo de forrageio) pela paisagem apresentam formas de medir padronizadas, propomos que sejam considerados como marcadores funcionais em outros estudos que visem entender a resposta das serpentes aos distúrbios ambientais. Sendo assim, concluímos que a quantidade de floresta e a proximidade entre os fragmentos florestais são dois fatores fundamentais para conservar os distintos componentes da diversidade de serpentes, para manter a paisagem conectada para as diferentes espécies e para possibilitar a manutenção dos processos ecossistêmicos em mosaicos de floresta tropical e usos da terra. Em termos práticos, isso ressalta a importância da manutenção das reservas legais e das áreas de proteção permanente em propriedades privadas, sobretudo se formarem corredores ecológicos, contribuindo para garantir a persistência das diferentes espécies de serpentes e dos processos ecossistêmicos. |