Ecomorfologia em serpentes neotropicais: um estudo de caso com a tribo Pseudoboini

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Alencar, Laura Rodrigues Vieira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-23092010-175653/
Resumo: As serpentes da tribo Pseudoboini apresentam grande diversidade quanto à sua ecologia, são consideradas um grupo monofilético e possuem uma filogenia conhecida. A partir disso, tornou-se possível a análise, sob um contexto evolutivo, das possíveis associações entre a morfologia e a ecologia neste grupo. Neste estudo, analisamos a dieta da tribo, bem como, testamos hipóteses de possíveis relações adaptativas entre a morfologia e a dieta e entre a morfologia e o uso do ambiente arborícola, e exploramos a evolução destes aspectos em serpentes da tribo. Nove espécies foram consideradas generalistas e 13, especialistas, sendo seis em lagartos, três em pequenos mamíferos, duas em serpentes, uma em ovos de lagarto e uma em ovos de ave. Um aumento no consumo de pequenos mamíferos, não esteve associado com um aumento da robustez e do volume da cabeça. Especializações em lagartos, pequenos mamíferos e serpentes surgiram independentemente em táxons terminais ao menos duas vezes durante a história evolutiva da tribo. A especialização em ovos de ave é uma autapomorfia de Rhachidelus brazili. A robustez decresceu no ancestral do gênero Siphlophis, e aumentou substancialmente em R. brazili. O tamanho da cabeça decresceu no ancestral do gênero Siphlophis e em Oxyrhopus petola e aumentou substancialmente em Phimophis guianensis, no ancestral de O. trigeminus e O. rhombifer e em R. brazili. Siphlophis cervinus, S. compressus, S. pulcher e D. anomalus foram consideradas espécies semi arborícolas. A reconstrução do hábito semi-arborícola indica que este surgiu independentemente pelo menos duas vezes durante a diversificação do grupo. Não foram encontrados indícios de efeito da freqüência do uso da vegetação sobre o tamanho do corpo, a robustez, o formato da cabeça e o número de vértebras por unidade corporal. Entretanto, o hábito arborícola parece ter levado a um aumento no tamanho da cauda. O tamanho corporal diminuiu substancialmente em P. guianensis e aumentou substancialmente em Clelia rustica e no ancestral de C. clelia e C. plumbea. Já o número de vértebras por unidade corporal diminuiu substancialmente em C. rustica, no ancestral de C. clelia e C. plumbea, e em Pseudoboa haasi; aumentou substancialmente no ancestral de O. trigeminus e O. rhombifer, e em O. melanogenys e P. guianensis. O tamanho da cauda diminuiu significativamente em C. rustica, Boiruna maculata e P. haasi e aumentou consideravelmente no ancestral do gênero Siphlophis, O. petola, D. anomalus, R. brazili e no ancestral do gênero Pseudoboa. A largura da cabeça diminuiu substancialmente em Pseudoboa neuwiedii e aumentou substancialmente em S. compressus, P. guianensis e em B. maculata. As ausências de relações possivelmente adaptativas podem estar ligadas a uma forte inércia filogenética e/ou ao efeito de outros agentes seletivos. Um ancestral morfologicamente adequado a uma dieta baseada em pequenos mamíferos e ao uso da vegetação também pode ter influenciado os resultados. O conhecimento do grupo externo da tribo Pseudoboini ajudaria a esclarecer ainda mais as relações entre morfologia e ecologia nestas serpentes.