Considerações sobre o psicodinamismo de famílias homoparentais femininas: uma visão psicanalítica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Martinez, Ana Laura Moraes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-23102013-140426/
Resumo: As famílias atuais comportam arranjos que vão além do modelo tradicional da família nuclear heterossexual. Uma destas \"novas\" configurações, que tem tido cada vez mais destaque social, diz respeito à família homoparental, composta por dois homens ou duas mulheres e seus filhos, sendo o acesso à filiação dado pela adoção, pela inseminação artificial, ou ainda, pela co-parentalidade. Diferente de outras configurações, mais tradicionais, a família homoparental causa debates acirrados por ser vista como uma ameaça à norma social vigente, baseada na diferença entre os sexos. Algumas vertentes da Psicanálise têm se posicionado radicalmente contra a homoparentalidade, pois compreendem-na como uma instituição que nega a diferença entre os sexos. Diante deste acirrado debate, o presente trabalho teve como objetivo investigar o psicodinamismo de três famílias homoparentais femininas e como o cuidado parental se estabelece em cada uma delas. Utilizou-se o referencial psicanalítico, tanto em termos teóricos quanto metodológicos para a construção e análise dos dados. Foram utilizados os seguintes instrumentos para a construção dos dados: entrevista individual com cada membro do casal; aplicação do instrumento projetivo Desenho de Família com Estórias; Entrevista Familiar Diagnóstica e devolutiva aos membros do casal. Os dados foram transcritos logo após cada contato, baseando-se no modelo de entrevistas psicanalíticas. Como resultado, observou-se nestes casais um predomínio de angústias primitivas pré-genitais que desempenharam papel importante na homossexualidade dos mesmos. Tais angústias, que não puderam ser devidamente elaboradas, permearam o cuidado parental oferecido por tais famílias interferindo na relação entre as parceiras. Nas duas famílias em que a homoparentalidade se deu pela via da co-parentalidade, observou-se a repetição, na relação afetiva e parental, de conflitivas pré-edipinas, com o predomínio de vivências persecutórias e ameaça de fragmentação diante da perda do objeto. Na família em que a homoparentalidade foi conseguida graças à inseminação artificial, observou-se o predomínio de angústias primitivas, relacionadas à separação self-objeto, seja na relação entre as parceiras, seja na relação entre elas e seus dois filhos. Diante de tais dados, sugere-se que todos os interlocutores que refletem e trabalham com a homoparentalidade possam se instrumentalizar com conhecimentos específicos sobre as angústias e dificuldades que tais famílias enfrentam, não no sentido de estigmatizá-las ou de impedi-las de realizar o sonho da parentalidade, mas no sentido de auxiliá-las neste processo, que, conforme os dados mostraram, foi vivido por elas com grandes doses de angústia.