Gêneros tóxicos da nossa flora: química e biologia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Ferreira, Fernanda Peres
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60138/tde-02102012-102327/
Resumo: O conhecimento de plantas tóxicas tem apresentado um grande papel para a sociedade. Seus estudos são importantes desde que são responsáveis por diferentes enfermidades, e até mesmo mortes por envenenamento, assim como por tornar possível o conhecimento de moléculas bioativas, as quais muitas delas se tornaram importantes na terapêutica atual. Vários são os exemplos de fármacos que estão no mercado, provenientes da observação humana de sinais de intoxicação após a ingestão de plantas capazes de metabolizar essas estruturas. Portanto, o estudo de plantas tóxicas está intimamente relacionado com a saúde de homens e de animais. Todavia, estão envolvidas também em aspectos econômicos, se for considerado os milhões de ruminantes que morrem a cada ano pelas suas ingestões. O envenenamento do gado, ocasionado por essas espécies é um sério problema, principalmente no Brasil, onde aproximadamente um milhão de animais morre por ano, devido à ingestão dessas plantas. Após avaliação de diversas plantas, consideradas tóxicas ou potencialmente tóxicas para o gado, observouse a presença de poucos estudos referentes à composição dos metabólitos secundários para várias espécies. Este trabalho apresentou como objetivos realizar um screening químico das espécies tóxicas Riedeliella graciliflora, Indigofera truxillensis e Crotalaria micans, além das espécies pertencentes a gêneros tóxicos Senna pendula, Senna splendida, Senna aculeata e Ipomoea chiliantha, envolvendo estudos farmacognósticos, além de análises espectroscópicas (RMN de 1H) e observação do perfil químico em CLAE-UV-DAD, CG-EM. Tal screening permitiu selecionar as espécies para a realização de estudo químico mais detalhado. Também foram propostas as avaliações da atividade citotóxica dos extratos e frações, a partir de ensaios utilizando Artemia salina, e das atividades antimicrobianas, antitumorais, anti-alérgica e tripanocida. Quanto aos ensaios de citotoxicidade dos extratos para Artemia salina, apesar destes não se apresentarem muito ativos, observou-se maior toxicidade de Crotalaria micans, Senna splendida e Indigofera truxillensis, nas quais todos os microcrustáceos apresentaram comprometimento da motilidade ou morte nas concentrações 500 e 1000 ?g/ml. No estudo químico de I. chiliantha foram identificados triterpenos, alcoóis, ácidos e ésteres graxos, derivados fenilpropanoides, flavonoide, além de calisteginas, as quais são alcaloides nortropânicos, e uma resina glicosídica ainda não descrita na literatura. As calisteginas são inibidoras de glicosidases, sendo tal atividade atribuída à toxicidade apresentada pelas espécies do gênero Ipomoea, ao gado. Já as resinas glicosídicas têm apresentado efeito catártico drástico, além de citotoxicidade, podendo contribuir para a toxicidade das espécies do gênero. No estudo químico de R. graciliflora, foram identificados triterpenos, esteroides, ácidos graxos, tocoferol, flavonoides C-glicosídeos e O-glicosídeos, benzenoide, além de quatro isoflavanas, sendo três inéditas na literatura e a outra inédita como produto natural. A fração diclorometânica de R. graciliflora, a partir da qual foram isolados os isoflavanóis descritos, apresentou-se muito ativa contra as linhagens celulares tumorais SP-295, HCT-8 e MDA-MB-435. No estudo químico de I. truxillensis, foram identificados triterpeno, esteroides, ácidos e ésteres graxos, benzenoides, flavonoides O-glicosídeos, e o alcaloide indoxil-?-glicopiranosídeo, ao qual ii têm sido atribuído ser o responsável por toxicidade urêmica, em ratos, devido ao seu produto de biotransformação, indoxil (3-hidroxindol) sulfato, ser uma toxina urêmica. Devido os sintomas de intoxicação apresentados pelo gado que ingeriram esta planta estarem relacionados à toxicidade nos rins, a presença deste alcaloide parece ter um importante papel em sua toxicidade. No estudo químico de S. splendida e S. pendula, foram identificados ácidos e ésteres graxos, tocoferóis, triterpeno, esteroides, flavonóis e antraquinona. Nenhuma destas substâncias parece estar relacionada à toxicidez. Quanto aos ensaios de atividade citotóxica frente às linhagens celulares tumorais, o extrato bruto de C. micans apresentou atividade moderada frente à linhagem celular SF-295. Quanto aos ensaios antimicrobianos, nenhum dos extratos brutos apresentou-se ativo. Porém, as frações de S. splendida provenientes das partições apresentaram atividade contra as bactérias Klebsiela pneumoniae/13883 e Proteus mirabilis/29906. Quanto aos ensaios para avaliação da atividade anti-alérgica, os derivados fenilpropanoides isolados de I. chiliantha apresentaram-se ativos. Quanto aos ensaios para avaliação da atividade tripanocida, apresentaram atividade o extrato etanólico bruto de R. graciliflora e a fração em acetato de etila de S. splendida.