As paixões do homo oeconomicus: racionalidade e afeto na ação econômica cotidiana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Bueno, Arthur Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-29102009-164141/
Resumo: Os Devedores Anônimos são um grupo de ajuda-mútua reunindo indivíduos que se consideram compradores e/ou endividados compulsivos. A partir de pesquisa de campo realizada nos encontros do grupo e de entrevistas aprofundadas com seus membros, são analisadas tanto as condutas econômicas desses agentes antes da entrada no DA, quanto os efeitos que a permanência no grupo tende a engendrar em seu comportamento. Identificando os mecanismos presentes em certas experiências problemáticas no interior da ordem econômica especialmente no que se refere a compras e tomadas de empréstimos vistas pelos próprios implicados como injustificadas, impensadas ou irracionais , este trabalho mostra também como, funcionando à maneira de um dispositivo de racionalização, o grupo incide sobre as condutas econômicas de seus usuários de modo a torná-las mais ajustadas a certas exigências da ordem econômica atual. Isso por meio de mecanismos particulares, que atuam seja incitando a reflexividade e dirigindo a atenção desses agentes para aspectos antes despercebidos das ações econômicas cotidianas (produzindo, assim, um investimento renovado em tais operações), seja suscitando implicitamente dinâmicas afetivas que tendem a conduzi-los na direção de uma maior racionalidade econômica. Demonstra-se, desse modo, não só como certas experiências emocionais contribuem para a realização de ações econômicas que, depois, podem ser motivo de arrependimento, mas também como esse tipo de racionalidade e seu ideal, o modelo do homo oeconomicus não se opõe às emoções, às paixões, mas depende, para sua própria efetivação, de dinâmicas afetivas peculiares.