\"Quem quiser pode ir; eu vou ficar aqui\": política, antirracismo e identidade sonora no samba de partido-alto do Candeia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ferraz, Igor de Bruyn
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-16082023-100957/
Resumo: Em meados dos anos 1970, o sambista e compositor Antonio Candeia Filho (1935-1978), conhecido por sua postura militante em relação à preservação dos valores afro-brasileiros no samba, empreendeu três projetos que ratificavam suas ambições: a fundação do Grêmio Recreativo de Arte Negra Escola de Samba (G.R.A.N.E.S.) Quilombo; um livro escrito em parceria com Isnard Araújo, Escola de Samba: a árvore que perdeu a raiz (1978) e o lançamento de dois discos Lps intitulados Partido em 5, Vols 1 e 2 (1975 e 1976, respectivamente). Nestes, Candeia procurou captar a ambientação de um pagode para o formato gravado, uma roda de samba nos moldes comumente realizados em quintais ou mesmo nas escolas de samba. Esses três eventos constituíram parte significativa da produção material artístico-cultural levada a cabo por Candeia, e a partir dos quais fundamentamos nossa hipótese central: a conjugação de tais eventos estabeleceram um movimento antirracista, cujas bases de sua enunciação política estavam atreladas ao maior símbolo cultural outorgado à (construção da) identidade brasileira, o samba. Houve, naqueles momentos, um intenso debate e questionamentos de muitos artistas, sambistas principalmente (figura tradicionalmente ligados às classes mais pobres, majoritariamente negros e historicamente perseguidas pelas autoridades) sobre os rumos do gênero e das escolas de samba no que se refere à preservação das raízes e identidade negras e populares no Brasil, fato esse que se desdobra desde então. Nesse sentido, a pesquisa buscou refletir sobre os fatos ocorridos em relação àquele movimento de preservação artístico-cultural em torno das escolas de samba naquele período que apontou, ao mesmo tempo, para uma contestação sobre interpretações modernistas e nacionalistas do gênero em detrimento de suas raízes negras e populares. Além disso, também aspectos do escopo musicológico mereceram atenção na investigação, como o estudo e esclarecimentos das tipologias estrutural-musicais que embasaram as reflexões realizadas, notadamente estruturas rítmicas que davam características singulares ao saber-fazer daqueles sambistas, e a partir dos quais seria possível delinear tanto aspectos técnicos dessa formação acústica (cf. ARAÚJO, [1992], 2021) como identitários.