Desfechos reportados por pacientes com cardioversor-desfibrilador implantável: um estudo de coorte prospectivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Laísa de Arruda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-24032025-103531/
Resumo: Introdução: O cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) é considerado uma das opções terapêuticas mais eficazes para a prevenção da morte súbita cardíaca devido à sua capacidade de identificar e interromper arritmias ventriculares potencialmente fatais pela aplicação de terapias de choque. Ao mesmo tempo em que esses dispositivos salvam vidas e conferem segurança aos pacientes, também podem causar desfechos psicológicos desfavoráveis. Objetivos: Estudar os desfechos reportados por pacientes com CDI, incluindo a qualidade de vida relacionada à saúde, a ansiedade e a aceitação do dispositivo por meio de instrumentos de medida padronizados e identificar preditores de melhores respostas para cada um desses construtos. Método: Trata-se de uma coorte prospectiva realizada no período de janeiro de 2020 até junho de 2021 em um hospital público universitário de alta complexidade, localizado na cidade de São Paulo. Foram incluídos indivíduos com idade entre 18 e 90 anos, submetidos a implante de CDI ou a procedimento de reoperação para a manutenção do dispositivo. A avaliação dos desfechos reportados foi realizada em 30 e 180 dias após a alta hospitalar, e os instrumentos de medida utilizados foram o EuroQol (EQ-5D-3L), o Florida Shock Anxiety Scale (FSAS) o Florida Patient Acceptance Survey (FPAS) para avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde, o nível de ansiedade relacionado ao CDI e a aceitação ao dispositivo, respectivamente. Os desfechos do estudo incluíram as mudanças nos escores dos construtos avaliados, quantificadas por meio da diferença mínima importante (DMI). Para a comparação dos pacientes que atingiram ou não a DMI utilizou-se a análise univariada por meio dos testes t de Student, Exato de Fisher e Qui-quadrado. Com a finalidade de determinar os preditores de melhores escores, foram desenvolvidos modelos de regressão logística multivariada pelo método de stepwise, sendo consideradas as variáveis que apresentaram P 0,10 na análise univariada. Resultados: Entre os 154 pacientes incluídos, houve predomínio do sexo masculino (72,1%) e a idade média foi de 55,1 ± 13,5 anos. Mais da metade dos pacientes 11 (55,2%) foram submetidos à reoperação (55,2%), sendo o CDI atrioventricular o principal dispositivo (52,6%). Para qualidade de vida, os escores médios da percepção do estado geral de saúde pelo EQ-5D-3L, nas avaliações de 30 e 180 dias foram de 78,7 e 73,8 pontos, respectivamente, denotando uma boa qualidade de vida na população. Para ansiedade relacionada ao CDI, os escores do FSAS em 30 dias foram de 23,5 e em 180 dias de 23,9 pontos, refletindo um nível de ansiedade mínimo. Para a aceitação ao CDI, a pontuação média do FPAS foi de 72,6 em 30 dias e de 74,7 pontos em 180 dias, denotando que os pacientes se encontravam adaptados ao dispositivo. A DMI para os construtos qualidade de vida, ansiedade e aceitação do CDI foi observada em 33 (22,4%), 36 (24,5%) e 43 (29,3%) pacientes, respectivamente. Idade igual ou maior que 60 anos (OR=2,5; IC 95%=1,14-5,53; P=0,022), ausência de fibrilação atrial (OR=3,8; IC 95%=1,26-11,63; P=0,017) e sexo feminino (OR=2,2; IC 95%=1,02-4,97; P=0,045) foram preditores independentes de melhores respostas para qualidade de vida, ansiedade e aceitação do CDI, respectivamente. Conclusão: O presente estudo permitiu conhecer melhor o perfil dos pacientes com CDI, em termos de qualidade de vida, ansiedade e aceitação do dispositivo e demonstrou a estabilidade dos escores obtidos entre os dois momentos de avaliação. A identificação de preditores para melhores escores de qualidade de vida, ansiedade e aceitação do dispositivo pode subsidiar a implementação de cuidados específicos para os pacientes com maiores chances de apresentar resultados desfavoráveis.