A escrita de estudantes surdos: um estudo a respeito do ensino-aprendizado da Língua Portuguesa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Pereira, Samara Machado
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-30052023-131922/
Resumo: A presente dissertação toma o ensino e o aprendizado da Língua Portuguesa como segunda língua para surdos como objeto de estudo. Interroga-se a respeito de como efetivar um (re)desenho metodológico no ensino de Português como Segunda Língua para Surdos (PSLS), que coloque o ensino de escrita como centro da prática docente. Tem como objetivo geral colaborar na construção de um (re)desenho metodológico no ensino de português como segunda língua para surdos e como objetivos específicos, fazer um estudo exploratório das principais dificuldades dos participantes da pesquisa e desenhar uma proposta pedagógica para auxiliar o professor em seu trabalho, em especial, no que tange ao ensino da escrita de um texto dissertativo-argumentativo. Para tal fim, uma pesquisa-ação foi realizada. Em seu bojo, foi idealizada uma oficina elaborada a partir de três princípios metodológicos: foco na leitura, na escrita e na tradução sem restrições ao uso da L1 (Primeira língua); curso elaborado a partir das necessidades do aluno e, finalmente, adoção da pedagogia crítica, afetiva e visual como norteadora dos trabalhos. A oficina se deu no contraturno das aulas regulares, em um colégio de educação inclusiva da rede privada do estado de São Paulo. Foram propostos dez encontros de duas horas cada um para que se discutisse a redação exigida no vestibular do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A proposta pretendia trabalhar com textos dissertativos, partindo da escrita de parágrafos até que se chegasse à produção de textos inteiros. Com o consentimento da escola e de seus pais, oito alunos participaram da oficina, todos com idades entre 14 e 19 anos, cursando entre o 9º do ensino fundamental e a 2ª série do ensino médio no momento da oficina. A turma era composta majoritariamente por alunos surdos sinalizadores, alguns também oralizavam. O corpus do trabalho é composto por 6 redações completas, 8 fragmentos textuais e 30 sentenças isoladas. As principais dificuldades de escrita dos alunos foram mapeadas, sendo que o estudo exploratório aprofundou-se nas três mais recorrentes, quais sejam: uso das preposições, consciência morfológica e estrutura sintática. Descobrimos que equívocos relacionados ao uso inadequado das preposições, à escolha vocabular e às normas sintáticas podem ter suas raízes em hipóteses linguísticas elaboradas pelos estudantes a partir do contraste que fazem entre a Libras e a Língua Portuguesa. Também colocamos em prática o desenho metodológico proposto na pesquisa e percebemos que os princípios que a embasam e as estratégias pedagógicas que a recobrem são de fato relevantes e eficientes no processo de ensino-aprendizado dos alunos surdos. Conclui-se, portanto, que é possível estruturar uma metodologia de ensino de PSLS, pensando em atender as especificidades linguísticas desse público e adequando-a à lógica do bilinguismo. É preciso, no entanto, que a proposta aqui sugerida passe pelo crivo do tempo e da sala de aula e seja refinada, a fim de que caminhemos na construção de uma pedagogia verdadeiramente inclusiva.