"Estudo comparativo entre os conceitos de saúde e de doença mental e a assistência psiquiátrica, segundo portadores e familiares"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Osinaga, Véra Lucia Mendiondo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-27102004-152642/
Resumo: A representação social da doença é construída a partir da experiência com a enfermidade, que se traduz em expressões diretas do sofrimento. Essas expressões necessitam ser organizadas em uma totalidade dotada de sentido, dando a ela significados. As últimas três décadas têm testemunhado um movimento que impulsionou para a realização de profundas mudanças na atenção psiquiátrica, propondo-se tratamentos éticos institucionais e comunitários, concomitantemente a desospitalização. Avaliar a qualidade da atenção a partir da perspectiva do usuário é cada vez mais necessária. Assim, é possível conhecer as atitudes associadas em relação à assistência recebida. Estas informações beneficiam a organização dos serviços de saúde, os trabalhadores e os usuários. O objetivo deste estudo foi comparar as opiniões dos portadores de doença mental e seus familiares sobre conceitos de saúde e doença mental e sobre a assistência em psiquiatria, em três serviços de assistência em saúde mental. Para efetivação desta pesquisa houve um longo percurso para reformulação e validação do instrumento de coleta de dados a EMO – Escala de Medida de Opinião constituída de 34 questões sobre Conceito e Assistência na saúde mental oferecendo elementos para a análise e reflexões. A amostra do estudo foi constituída por 750 pessoas que freqüentavam os três serviços de atenção psiquiátrica selecionados (Unidade de Emergência, Núcleo de Atenção Psicossocial e Ambulatório Regional de Saúde Mental), sendo 125 portadores e 125 acompanhantes destes pacientes, em cada um dos serviços. Na análise sócio demográfica e clínica verificou-se que o fator sexo dos portadores de transtorno mental que freqüentam os 3 serviços investigados (Unidade de Emergência, Núcleo de Atenção Psicossocial, Ambulatório Regional de Saúde Mental) mostra maior concentração de mulheres com índice de 60%, 63% e 66% respectivamente. Entre os acompanhantes evidencia-se a mesma tendência, ou seja, há mais mulheres no papel de cuidadoras com 63%, 67% e 68%. Os dados do perfil clínico, vem confirmar a presença de divergências tais como as referentes ao diagnóstico que tanto chamam a atenção pela falta de coesão entre o diagnóstico médico e o informado pelos portadores ou familiares como pela pouca importância que é dada a este fato tão relevante para a pessoa que sofre transtorno mental. A idade do portador mostrou perfil mais jovem na UE, com baixo índice de escolaridade e sem profissão, ou sem qualificação. Na análise estatística observou-se que houve diferença entre os domínios (conceito e assistência) nos três locais. Comparando os três locais, verifica-se menor escore médio para os portadores do NAPS (2,36) e dos seus acompanhantes (2,20). Os valores de concordância do domínio Conceitos são maiores do que os de Assistência, em todos os locais, tanto para os Portadores como para os Acompanhantes. O fato de haver maior divergência entre as opiniões referentes aos Conceitos do que entre as referentes à Assistência reflete a vivência dos sujeitos em meio a um intenso processo de mudança conceitual e ideológica. Na análise reflexiva verificou-se que embora não seja possível destacar o tipo de divergência que os sujeitos apresentam em relação aos Conceitos e Assistência e Saúde mental, os testes mostraram que elas existem. Da análise ainda pode-se destacar as questões da família como elemento participante de todo o processo terapêutico e da equipe como um conjunto de elementos inseridos no movimento da reforma, buscando oferecer uma assistência ética e respeitosa. Evidencia-se, entretanto, que as mudanças não ocorrem de maneira linear, nem com igual intensidade em todos os seguimentos mas que estão ocorrendo.