Tuberculose ativa em pacientes com doença inflamatória intestinal em um centro de referência no Brasil: características clínicas, desfechos e fatores de risco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Azevedo, Matheus Freitas Cardoso de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-28062024-163448/
Resumo: Introdução: Os fármacos anti-fator de necrose tumoral (anti-TNF) são a terapia mais utilizada para o tratamento da doença inflamatória intestinal (DII) moderada a grave nos últimos 25 anos no mundo. Entretanto, tais medicamentos estão associados a infecções oportunistas graves, como a tuberculose (TB). O Brasil está entre os 30 países com maior incidência de TB no mundo. Este estudo teve como objetivo identificar os fatores de risco para o desenvolvimento de TB ativa e descrever características clínicas e desfechos em pacientes com DII acompanhados em um centro de referência terciário no Brasil. Métodos: Estudo retrospectivo de caso-controle entre janeiro de 2010 e dezembro de 2021. Os casos de TB ativa em pacientes com DII foram pareados aleatoriamente 1:3 com controles (pacientes com DII sem história prévia de TB ativa) de acordo com sexo, idade e tipo de DII. Resultados: Foram identificados 38 (2,2%) casos de TB em 1.760 pacientes em acompanhamento regular em nossos ambulatórios. Dos 152 pacientes incluídos na análise (casos e controles), 96 (63,2%) eram do sexo masculino e 124 (81,6%) apresentavam doença de Crohn. A mediana da idade no momento do diagnóstico de TB foi de 39,5 (intervalo interquartil [IQR] 30,8-56,3). Metade dos casos de TB foi disseminada (50%). Ao todo, 36 pacientes que desenvolveram TB (94,7%) estavam sendo tratados com medicamentos imunossupressores. Desses, 31 (86,1%) faziam uso de anti-TNF. O diagnóstico de TB ocorreu em uma mediana de 32 meses após a primeira dose do anti-TNF (IQR 784). Na análise multivariada, idade ao diagnóstico da DII e terapia anti-TNF foram significativamente associadas ao desenvolvimento de tuberculose (p < 0,05). Após o tratamento da TB, 20 (52,7%) pacientes receberam terapia anti-TNF e apenas um desenvolveu reinfecção por tuberculose dez anos após a primeira infecção. Conclusões: A TB continua sendo um problema de saúde significativo em pacientes com DII em regiões endêmicas, especialmente naqueles tratados com agentes anti-TNF. A maioria dos casos ocorre após longo período da terapia, sugerindo uma nova infecção. A reintrodução de anti-TNFs após o tratamento antituberculose parece segura. Esses dados destacam a importância da triagem e monitoramento dos pacientes com DII que vivem em áreas endêmicas de TB