Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Leal, Cristina Tavares |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17154/tde-06042018-114114/
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Resumo: |
As neoplasias mieloproliferativas (NMPs) negativas para o rearranjo t(9;22)/BCRABL1, incluindo Policitemia Vera (PV), Trombocitemia Essencial (TE) e Mielofibrose Primária (MFP), são doenças hematopoéticas clonais e estão frequentemente associadas à mutação JAK2V617F. Apesar dos avanços no conhecimento da fisiopatologia após a descoberta da mutação JAK2V617F e do desenvolvimento de inibidores da JAK2, o tratamento permanece não curativo. Sabe-se que as célulastronco mais primitivas nas NMPs são responsáveis pela iniciação da doença e que a expansão dos precursores mieloeritróides contribui para o fenótipo clínico. Dados recentes obtidos com ensaios in vitro mostram que as proteínas da família BCL2, reguladoras da apoptose mitocondrial, desempenham um papel relevante na patogênese das NMPs. Acreditamos que a expressão anômala de BCL2 nas células progenitoras hematopoéticas (CPH) das NMPs pode contribuir para a patogênese desse grupo de doenças. Avaliamos a expressão gênica, por meio de PCR em Tempo Real, da família BCL2 (genes antiapoptóticos BCL-xL e BCL2 e o pró-apoptótico BIM) nas diferentes subpopulações de progenitores hematopoéticos murinos (de um modelo condicional knockin de expressão heterozigótica condicional da Jak2V617F) e de pacientes portadores de NMPs bem como sua contribuição para o fenótipo da doença e resposta ao inibidores da JAK2 (com a droga ruxolitinibe) e/ou inibição da família BCL2 (com o inibidor de BCL2 obatoclax). Não encontramos diferença de expressão basal dos genes BCL2, BCL-xL e BIM nas células CD34+ bem como nas subpopulações de células CD34+38-/+ de pacientes com NMPs, independente da presença da mutação JAK2V617F, em relação às células CD34+ e subpopulações CD34+38-/+ dos controles (p>0.05). Nas células CD34+ de pacientes com TE encontramos aumento de expressão de BCL2 em relação às células CD34+ pacientes com MFP (p=0.03). No modelo transgênico de camundongos Jak2 wt/VF (que apresentam uma NMP semelhante à PV) e Jak2 wt/wt (controles), comparamos a expressão diferencial dos genes da família Bcl2 em precursores hematopoéticos imaturos (LSKs) e progenitores mieloides mais maduros (MPs). A expressão do BclxL em MPs de camundongos wt/VF foi maior em relação à subpopulação de células LSKs e em relação as duas subpopulações de células dos controles (p=0.0011). Não houve diferença significativa de expressão do Bcl2 nas subpopulações de células LSKs e MPs de animais wt/VF e wt/wt (p=0.12). Observou-se menor expressão de Bim em LSKs em relação às células MPs dos animais mutados (p=0.026), diferença essa não observada entre os controles Jak2 wt/wt. O tratamento isolado com inibidor de JAK2 ou de BCL2 resultou em aumento de expressão do Bim nas CPH (LSKs e MPs) de camungongos Jak2 wt/VF em relação aos animais Jak2 wt/wt. Este aumento da expressão de Bim foi ainda mais evidente após o tratamento das células com a combinação das duas drogas quando comparadas às células não tratadas ou tratadas com um dos dois inibidores, sendo maior em animais doentes do que em animais controles (p<0.0001). A análise do efeito do tratamento com os inibidores de JAK2 e BCL2 na indução de apoptose por meio de citometria de fluxo (marcação com anexina/7-AAD) revelou que as células LSKs foram mais resistentes à apoptose tardia do que as células MPs independentemente da mutação da JAK2 (p<0.05). O tratamento com obatoclax resultou em indução de apoptose diferentemente do que foi observado com o tratamento com ruxolitinibe (p=0.594) nas células MPs de animais Jak2 wt/VF. Ademais, o tratamento combinado com ruxolitinibe e obatoclax resultou no aumento da apoptose nas células MPs dos animais com fenótipo de PV (Jak2 wt/VF) em relação aos animais Jak2 wt/wt (p=0.05). Em conclusão, demonstramos que a resistência à apoptose nas NMPs ocorre desde as CPH iniciadoras da doença. Nossos resultados sugerem que a modulação da apoptose mitocondrial pode ser uma nova estratégia terapêutica para pacientes com NMP em combinação aos inibidores de JAK2, na medida em que atua tanto nas CPH que iniciam a doença como nos MPs, responsáveis pelos sinais e sintomas de mieloproliferação. |