Vermetídeos fósseis como indicadores da variação do nível relativo do mar e de possíveis alterações na circulação costeira no Holoceno ao longo do litoral Brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Toniolo, Thiago de Freitas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-24072023-084202/
Resumo: Este trabalho apresenta novos dados de paleonível, datação 14C, composição isotópica (18O, 13C) e química (Mg/Ca, Sr/Ca, Ba/Ca) de 103 bioconstruções de vermetídeos amostradas em 18 localidades do litoral brasileiro, desde o Rio Grande do Norte até Santa Catarina, incluindo os arquipélagos oceânicos de São Pedro e São Paulo, Fernando de Noronha e Trindade, e discute, conjuntamente com dados de trabalhos prévios, o comportamento do nível relativo do mar (NRM) ao longo do Holoceno médio / superior e as possíveis alterações oceanográficas regionais ocorridas nesse período. Também é apresentada uma descrição pormenorizada dos componentes bióticos (vermetídeos, algas vermelhas, briozoários e poliquetas) e abióticos (material siliciclástico e diagenético) das bioconstruções, atentando para eventuais padrões de variação temporal e geográfica de suas concentrações, bem como sua possível relação com fatores ambientais. Os dados de paleonível das bioconstruções estudadas abarcam os últimos 6,6 ka cal AP e sugerem que o NRM entre Santa Catarina e Espírito Santo alcançou valor máximo de 3,3 ± 1,0 m em torno de 5,5 ka cal AP e diminuiu constantemente desde então. Diferenças entre os valores médios de 18O, 13C e Ba/Ca das amostras de distintas localidades do Sul / Sudeste possivelmente refletem a influência de fenômenos oceanográficos locais / regionais, como os eventos de ressurgência que atingem o litoral do Espírito Santo, a região de Cabo Frio Cabo de São Tomé (RJ) e o Cabo de Santa Marta (SC) nos meses de verão, e o avanço da Corrente Costeira do Brasil (CCB) desde a Região Sul até São Paulo nos meses de inverno. A consistente diminuição na razão Mg/Ca das conchas de vermetídeos, observada em diversas localidades ao longo do Holoceno superior, pode representar tendência milenar de: (1) queda na temperatura da água, o que poderia decorrer da intensificação da ressurgência costeira nas áreas sujeitas a esse fenômeno e / ou do fortalecimento da CCB; (2) aumento da influência de rios próximos, o que pode estar relacionado com a queda do NRM ou com o aumento da pluviosidade nas bacias de captação desses rios. A alteração nas condições oceanográficas que levou à diminuição da razão Mg/Ca também pode ter acarretado a drástica redução populacional do P. varians, que atualmente é raramente encontrado no Sul / Sudeste do Brasil. Períodos passados de ausência de amostras de P. varians, de 3,5 a 2,5 ka cal AP em Santa Catarina e de 4,6 a 3,6 ka cal AP em Guarapari (ES), sugerem que as condições que levaram ao seu desaparecimento nessas localidades no período atual podem ter ocorrido também no passado.